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Biblioteca Comunitária Contribuindo Para a Melhoria do Processo Educacional e das Ações Culturais no Sertão em Alto Paraíso de Goiás

Este trabalho busca analisar as ações culturais implantadas através do projeto de Intervenção realizado na Biblioteca Comunitária do Sertão e comunidade rural sertaneja do município de Alto Paraíso de Goiás, no nordeste goiano. Tais ações objetivaram uma dinamização do funcionamento da Biblioteca Comunitária visando a melhoria do processo educativo e do reconhecimento do patrimônio cultural dessa região. O projeto se baseou nos conceitos de direitos culturais e de ampliação da cidadania dos moradores do campo, buscando a garantia da igualdade de acesso para todos e a valorização do patrimônio cultural material e imaterial dessa comunidade. Também busca o resgate do patrimônio cultural, o aumento das opções de lazer da comunidade local e a diminuição do êxodo rural.  A escolha da Pesquisa-Ação como metodologia de investigação, adaptada à intervenção, partiu do entendimento de que ao privilegiar a observação participante, o registro e a exploração, a investigação transcenderá a informação fria dos fatos extraídos daquela realidade, e permitirá uma melhor apropriação dos bens analisados e dos resultados alcançados. Desse modo, busca-se aliar a Educação Patrimonial via Biblioteca Comunitária num constante diálogo entre a Pesquisa-Ação Participante em suas diferentes modalidades e no reconhecimento da realidade que cerca a comunidade em estudo, bem como relacionando-a com o mundo ao seu redor. Verificou-se que uma biblioteca comunitária implantada em zona rural também pode contribuir para o expressivo desenvolvimento da localidade através da prestação de alguns serviços básicos à população. Ao analisar o potencial de funcionamento, bem como a realidade vivenciada pelos atores sociais, nos foi possível concluir ainda que, dependendo do modo de gerenciamento dos conflitos locais, a Biblioteca Comunitária poderá ser um fator importante para o estabelecimento de um desenvolvimento rural com mais cidadania e sustentabilidade, ambiental, social e cultural.

Palavras-Chave: Biblioteca Comunitária, Ação cultural no campo, Cidadania.

Aluna: Delmar Ferreira Rezende

Polo: Alto Paraíso

Orientadora Acadêmica: Maria de Fátima França Rosa

Coordenadora de orientação: Vânia Dolores Estevam de Oliveira

1. INTRODUÇÃO

Segundo a Fundação Biblioteca Nacional (2000), biblioteca vem a ser um lugar onde se coleciona o saber e a cultura dos povos e que conserva uma memória coletiva que só se atualiza e se reconstrói pela leitura. Ligando-se, assim, o conceito de biblioteca pública aos conceitos de direitos culturais e de cidadania, baseando-se na igualdade de acesso para todos, sem restrição de idade, raça, sexo, status social, e na disponibilização à comunidade de todo tipo de conhecimento e informação.

Ainda, segundo a Fundação Biblioteca Nacional, a principal missão de uma Biblioteca Comunitária ou de qualquer outra é organizar, preservar e disseminar a informação, independente de seu suporte. Contudo, os livros são fontes informacionais de importante relevância para a humanidade, mesmo com o advento dos recursos tecnológicos e o surgimento da internet.

O Manifesto da UNESCO (1994) para Bibliotecas Públicas proclama que liberdade, prosperidade e desenvolvimento da sociedade e dos indivíduos são valores humanos fundamentais. Assim, participação construtiva e desenvolvimento da democracia dependem tanto de educação adequada como do livre e irrestrito acesso ao conhecimento, pensamento, cultura e informação. (FONSECA, 2005, p. 39)      

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De acordo com Antunes (2000, p. 20), outra grande função da biblioteca é, através das possibilidades diversificadas de acesso à informação, ir além do que o acervo oferece com programas especiais de palestras, exposições, concursos. Ainda conforme outros autores, pode também ter uma função utilitária, onde busca a resolução de conflitos e presta outros serviços básicos à comunidade onde se localiza.

Seguindo nessa mesma linha de raciocínio, percebe-se que a instituição biblioteca encontra-se imersa nas transformações da atualidade, seja por conta das transformações da sociedade ou apenas porque com essas mudanças já não cumprem com seu papel original. Sendo assim, ela recebe as influências, mas também influencia o meio onde se encontra estabelecida. 

Outro aspecto a ser ressaltado são as dificuldades de se manter as bibliotecas, sejam elas públicas, universitárias ou comunitárias, pois as verbas destinadas para adquirir e manter o acervo são escassas e quase inexistentes.   Convém destacar a importância desse fato, pois, segundo Fonseca (2005, p. 27), a conservação desse acervo é importante, porém, não pode ser maior que a disseminação e o maior uso possível de usuários. E acrescenta ainda que,

A necessidade de democratizar e interiorizar os serviços bibliotecários torna-se cada vez mais urgente. O tratamento elitista que sempre priorizou o serviço da biblioteca pública, ao atender exclusivamente os habitantes do centro da cidade, deve dar lugar para o atendimento, ou a palavra, aos chamados “não-públicos”, que são as populações suburbanas ou rurais que não tem noção de cidadania, não conhecem seus direitos e deveres na sociedade, e que até bem pouco tempo eram chamados de minoria, mas hoje, em termos quantitativos, atingem metade da população brasileira. (FONSECA, 2005, p. 46).

Nesse sentido, se as bibliotecas públicas não têm conseguido atuar nesses espaços “não públicos” e mais especificamente nas áreas rurais, então, convém descobrir novas formas dessa população alcançar os mesmos direitos à informação e ao conhecimento. Conforme o educador Paulo Freire,“o homem por ser inacabado, incompleto, não sabe de maneira absoluta, e como ser inacabado está em constante busca, já que ninguém ignora tudo, ninguém sabe tudo”. (FREIRE, 1999, p. 28).

Interessante destacar as influências da contemporaneidade nas bibliotecas atuais. Por conta das profundas mudanças de valores e comportamento que a sociedade atual vem sofrendo, as técnicas seculares da Biblioteconomia vêm também lidando com essas transformações, podendo inclusive se considerar que o surgimento de bibliotecas comunitárias seja um reflexo dessas alterações sociais. Machado diz que:

É interessante perceber que a biblioteca comunitária surge como um poder subversivo de um coletivo, uma forma de resistência contra-hegemônica, de quase enfrentamento social, numa nova realidade, que escapa das medidas e das categorias descritivas existentes [...] (MACHADO, 2009, p. 51).

Nesse sentido, a Biblioteca Comunitária surge como uma das instituições mais próximas e acessíveis à comunidade local, devendo cumprir com seu papel de espaço de cultura e memória, mas também desenvolver variadas ações educativas formais e não formais, buscando, assim, fortalecer os vínculos culturais da comunidade e o pleno exercício da democracia. Tendo em vista que grande parte dessas comunidades contempladas por bibliotecas comunitárias possuem dificuldade de acesso à internet, como é o caso do Sertão, isso faz com que o livro seja o principal instrumento de pesquisa e informação na localidade.

A dinamização dessa biblioteca é, portanto, um movimento colaborativo onde visa maximizar os recursos de Patrimônio Cultural, criatividade, cooperação, lazer e conscientização para, assim, combater a exclusão informacional e melhorar a qualidade de vida da comunidade do Sertão. Além de reconhecer e valorizar o legado cultural e todo esse Patrimônio Material e Imaterial constante na região.

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2. DESENVOLVIMENTO

2.1 OBJETIVO GERAL

Dinamizar o funcionamento da Biblioteca Comunitária visando a melhoria do processo educativo e das ações culturais no Sertão em Alto Paraíso de Goiás.

2.1.1 Objetivos Específicos

2.2 REFERENCIAL TEÓRICO

Ao analisar conceitualmente o tema em discussão, foi necessário realizar uma revisão bibliográfica sobre o mesmo. No entanto, a escassez de experiências relatadas e de textos nacionais sobre o assunto abordado não permitiu um maior aprofundamento teórico do tema. Entretanto, apesar da carência de literatura sobre o tema, não se pode dizer que o emprego do termo biblioteca comunitária é recente. Na literatura nacional há poucos trabalhos que tratam do assunto, pois, aparentemente, o fato dessas bibliotecas surgirem de modo espontâneo na comunidade não colabora para ampliar o registro sobre essas ações (MACHADO, 2009, p. 81-82).

Desse modo, buscando descobrir as principais características que embasam a tipologia das bibliotecas comunitárias e o que as diferencia das demais, foi possível verificar, à luz dos autores Almeida Júnior (2003) e Machado (2009), que a partir do espaço, do acervo e dos serviços que a biblioteca oferece, bem como da observação de seu contexto e da complexidade que a envolve, pode-se identificar as particularidades que a distinguem, tais como:

a) A forma de constituição: são bibliotecas criadas efetivamente pela e não para a comunidade, como resultado de uma ação cultural. b) A perspectiva comum do grupo em torno do combate à exclusão informacional como forma de luta pela igualdade e justiça social. c) O processo participativo gerando articulação local e forte vínculo com a comunidade. d) A referência espacial: estão, em geral, localizadas em regiões periféricas. e) O fato de não serem instituições governamentais, ou com vinculação direta aos Municípios, Estados ou Federação. (MACHADO, 2009, p. 88-89).

Levando em consideração essas particularidades, é possível concordar com Machado (2009), quando afirma que a biblioteca comunitária pode ser considerada outro tipo de biblioteca, pois vem sendo criada seguindo os princípios da autonomia, da flexibilidade e da articulação local, o que amplia as possibilidades de atuação e de inserção na sociedade. Outro aspecto que a autora elenca é a forma de atuação dessas bibliotecas que, por serem muito mais próximas ao ambiente que as rodeia e pela forma com que atuam, elas são mais ligadas à ação cultural. Qualidades essas que, se retiradas, destroem sua essência. (MACHADO, 2009, p. 89).

2.3 METODOLOGIA

Compreendendo que Patrimônio Cultural e Educação são temas intrinsecamente ligados, e que ambos podem se beneficiar mutuamente das ações desenvolvidas, surge a proposta interdisciplinar de Educação Patrimonial, que, por sua vez, busca a valorização e o reconhecimento na vida cotidiana da sociedade. Incluir esse importante tema na agenda política e educacional do país demanda metodologias e técnicas aprimoradas para se alcançar, de forma efetiva, o objetivo de permear as disciplinas existentes no currículo escolar, conforme dão a entender os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1997).

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Assim sendo, esse projeto privilegia a observação participante, o registro, a exploração, a investigação e a apropriação dos bens analisados e dos resultados alcançados. Houve palestras, roda de conversas, atividades de lazer, entrevistas, produção de vídeos, amostra de fotos e vídeos locais, programas de rádio e, com isso, já se possui alguns dados para posteriormente fazer a primeira publicação sobre a memória e a identidade local.

Em se tratando de Pesquisa-Ação, entende-se que ela seja sempre deliberativa porque, quando se intervém na prática rotineira, está se aventurando no desconhecido, sendo então necessário que se faça julgamentos competentes com objetivo de aperfeiçoar a situação de maneira mais eficiente (TRIPP, 2005, p. 449). Tal entendimento também se encontra nas obras de Paulo Freire, quando ele afirma que o conhecimento prévio é a base para a educação popular e que, por isso mesmo, o conhecimento gera autonomia. Seguindo seu raciocínio, não há ensino sem pesquisa, nem pesquisa sem ensino e, desta forma, os professores compromissados com a ética do trabalho educativo libertador também são pesquisadores, pois faz parte da prática docente a indagação, a busca e a pesquisa de uma forma contínua e permanente (FREIRE, 1996, p. 14).

Desse modo, neste projeto de intervenção procurou-se aliar a Educação Patrimonial via Biblioteca Comunitária, num constante diálogo entre a Pesquisa-Ação Participante em suas diferentes modalidades e no reconhecimento da realidade que cerca a comunidade pesquisada; bem como relacionando-a com os efeitos e influências desse mundo atual globalizado, onde as conexões midiáticas são rápidas e a generalização de culturas diminui a riqueza que provém da diversidade cultural dos povos.

2.4 PROCEDIMENTOS

2.4.1 Cronograma

O projeto de Intervenção teve um período de duração de 6 meses, tendo iniciado em Janeiro de 2015 e se estendido até meados de junho do mesmo ano. Esse projeto buscou desenvolver ações culturais inspiradas nos princípios do desenvolvimento sustentável e cultural, na solidariedade e na valorização humana.  A Figura 1 (ver DVD que acompanha esta publicação) apresenta o cronograma das atividades nas etapas de elaboração e execução do projeto de intervenção.

O projeto de Intervenção teve início no prazo esboçado e cumpriu a maior parte do cronograma, no entanto, como se baseia na pesquisa-ação onde a realidade cultural e climática da localidade deve ser considerada, houve alguns atrasos e certas atividades tiveram que se adequar ao tempo disponibilizado. Como essas ações culturais não se encerram com o término desse projeto de intervenção, haverá continuidade das atividades programadas para o alcance dos objetivos previstos.

Convém ressaltar que essas adequações momentâneas não impediram a coleta de dados e nem a obtenção dos elementos pretendidos, tendo em vista que outras atividades, que sequer haviam sido planejadas inicialmente, aconteceram e assim puderam suprir essas deficiências.

Conforme o projeto foi se desenvolvendo, as pessoas foram se aproximando e sendo envolvidas nas ações, o que se tornou bastante positivo e estimulante, e a consequência natural disso foi o aumento das novas demandas a serem atendidas. Entre elas: ponto de apoio para guardar materiais de uso coletivo (bolas e equipamentos esportivos, cenários e figurinos de teatro, material de bordados, costuras e artesanato), local para encontro de senhoras e de jovens, academia de ginástica com aparelhos diversos, lan house, e até centro de pesquisa e referência em mídias e cultura no campo.   

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Conforme essas demandas iam surgindo, foram sendo anotadas e depois analisadas pela coordenação e equipe de apoio da biblioteca. Algumas foram imediatamente adicionadas ao projeto conforme a disponibilidade de espaço físico do local, como no caso da guarda dos diversos materiais. Quanto ao ponto de encontro, a estratégia ficou a cargo das lideranças de grupo que, de acordo com seu planejamento e suas condições de deslocamento, podem marcar seus dias e horários. Em relação à academia e lan house, que depende de materiais e equipamentos que a APROMAS (Associação dos Produtores e do Meio Ambiente do Sertão) e a Biblioteca Comunitária não possuem, ficou combinado que a proposta deverá ser feita na assembleia da entidade e, com sua anuência, devem ser encaminhados projetos tanto para o governo quanto para os órgãos não governamentais.

No caso do centro de pesquisa e referência em mídias e cultura no campo, ainda está no momento de análise das possibilidades, pois uma das ideias é fortalecer os vínculos e a parceria criada com a Universidade Federal de Goiás (UFG) no desenvolvimento do projeto Terra Encantada para, então, dar vida a esta nova proposta ou até propiciar novos caminhos para a conquista desse objetivo. Por isso mesmo, algumas estratégias e atividades serão ainda motivo de novas avaliações e análises. E, se necessário for, como a Biblioteca Comunitária e as ações continuarão existindo, outras medidas poderão ser tomadas.

Entende-se, assim, que o projeto de intervenção contribuiu de forma essencial e estratégica para a revitalização e dinamização da Biblioteca. Possibilitou ainda que se tivesse acesso e conhecimento das leis que regem o Patrimônio Cultural, os direitos humanos e forneceu as devidas informações para intervir na realidade local, defendendo, assim, os direitos e o legado dessa população.

2.4.2 Recursos Humanos, Materiais e Financeiros

Em relação aos recursos humanos, esse projeto engloba a auxiliar da Biblioteca e a Equipe de Apoio – associados voluntários que lá trabalham, a comunidade escolar e os demais habitantes da região. Conta-se com a auxiliar de biblioteca para o funcionamento diário e com a Equipe de Apoio para as atividades externas ou nos finais de semana. A UFG, via professores e acadêmicos da Faculdade de Comunicação e Faculdade de Educação Física, e através do Projeto Terra Encantada: Gente Pequena, Direitos Integrais , também tem contribuído bastante com essas ações Em diferentes momentos e de diversas formas, tendo em vista as atividades que são desenvolvidas, conta-se com o público de uma maneira geral. Porém, essas atividades são ofertadas conforme a demanda local, o público-alvo e os objetivos da ação.

O Projeto Terra Encantada: gente miúda, direitos integrais é um programa vinculado ao Decanato de Extensão da UFG que atende os requisitos do proext2015 e realizado em parceria com a Escola do Sertão e a Apromas.

Quanto aos recursos materiais e financeiros, inicialmente contou-se com o apoio da APROMAS (Associação dos Produtores e do Meio Ambiente do Sertão); a contribuição voluntária dos Amigos da Biblioteca do Sertão; da Escola do Sertão e dos demais parceiros, que conforme o cronograma estabelecido foram aderindo ao projeto.

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Posteriormente, espera-se uma maior definição orçamentária quanto às reais necessidades e demandas do projeto, especialmente tendo em vista que essa é de fato uma ação cultural prática e que não se finaliza com a conclusão da atividade acadêmica, mas, sim, reveste-se de uma identidade cultural cidadã, onde há de se buscar a melhoria incessante do trabalho e das ações ali realizadas.

2.4.3 Intervenção - Ações Desenvolvidas

2.4.3.1 Breve Histórico da Região do Sertão
Imagem 1. Vista panorâmica da região do Sertão.  Alto Paraíso-GO. 
Foto: Ion David

O Sertão está situado no município de Alto Paraíso de Goiás, no Nordeste goiano, numa região “caracterizada pelo bioma Cerrado de maior altitude do Estado de Goiás, manifesta características altimétricas, paisagísticas e climáticas bem diferenciadas, abrigando assim uma notável biodiversidade” (REZENDE, 2010, p. 54). O município possui 2.593.885 Km² de área e dista 230 km de Brasília, com principal acesso pela GO 118, porém, a via de acesso ao Sertão é a GO 239.

A sede do município está numa altitude de 1.200 m, o clima é bem ameno e o regime de chuvas é tropical, com estações de seca ocorrendo entre abril e setembro, e a chuva concentrando-se no verão, entre novembro e março (FELFILI; RESENDE; SILVA JUNIOR, 2007, p. 17). Sendo o ponto mais alto do Planalto Central, abriga inúmeras nascentes que dão origem às cabeceiras de grandes bacias hidrográficas. Situa-se, ainda, num dos pontos geográficos do centro brasileiro que sofreu relativa influência das inúmeras correntes migratórias que por lá passaram desde seus primórdios.

O município de Alto Paraíso de Goiás tem, entre suas características, o fato de estar dentro do perímetro da Área de Proteção Ambiental – APA de Pouso Alto, ser reconhecido como Reserva da Biosfera do Cerrado Goyaz e como Sítio do Patrimônio Natural Mundial pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), e ser o único que possui portão de acesso ao Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. Tais designações, em geral, têm como objetivo preservar o cerrado de altitude e a fauna local, a interpretação ambiental, o ecoturismo, a pesquisa científica e a educação ambiental.

A região rural denominada Sertão dista 30 quilômetros da sede urbana do município de Alto Paraíso de Goiás, situando-se nas bordas da Serra Geral do Paranã e entre os vales dos rios São Bartolomeu e Macaco. A maioria da população é pertencente às antigas e tradicionais famílias que, além de habitar esse local há bastante tempo, ainda possuem raízes profundas e grande senso de pertencimento ao local onde vivem.

Essa localidade, embora de difícil acesso, é uma das áreas mais férteis do município, contendo rica vegetação e ampla biodiversidade ambiental. Porém, verifica-se grande dificuldade relacionada a fatores econômicos, sociais, climáticos e geográficos, o que gera uma descaracterização e uma desvalorização cultural da região por parte dos jovens e daí, consequentemente, surge o êxodo rural.

Ao longo dos anos, tem sido observado o descaso do poder público para com essa comunidade, que é caracterizada por famílias de pequenos produtores rurais que são os habitantes tradicionais desta região e também por meeiros, vaqueiros e outras profissões ligadas à terra e ao seu uso. Outro fator preocupante nessa região é a inexistência de empregos, a ausência de programas e políticas públicas voltadas para a cultura e o lazer e as reduzidas perspectivas de futuro profissional.

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É bem verdade que essa população possui grande conhecimento da terra e seus usos, bem como da cultura local, no entanto, ainda não há uma entidade que reconhecidamente valorize o legado cultural e todo esse Patrimônio Material e Imaterial constante na região.

Nessa comunidade há grande dificuldade de acesso à internet e outros meios de comunicação, o que torna o livro seu principal instrumento de pesquisa e informação. Dessa forma, são amenizados os obstáculos  surgidos no cotidiano pela falta de acesso ao conhecimento e à leitura nessa localidade, onde a educação e informação nem sempre são prioridade para as políticas de governo ou mesmo pela população, que ainda é pouco orientada sobre seus direitos culturais.

No entanto, essas famílias têm, nos filhos que estudam e ali residem, a esperança de um futuro melhor e menos difícil, pois os pais em sua maioria são iletrados e não possuem grandes posses, mas são donos de uma cultura centenária de convivência e uso do cerrado. Evidenciando, assim, a necessidade de uma adequada ação cultural, inspirada nos princípios do desenvolvimento sustentável e cultural, da solidariedade e da valorização humana, baseando-se nas leis vigentes do país.

Como parte inerente desse contexto, inclui-se o seguinte relato, cuja postura tem a ver com o perfil e a resistência estoica dessa população rural, que desde sempre sofreu as consequências de habitar em locais de difícil acesso e, por isso mesmo, lutou para obter reconhecimento e para que seus direitos fossem respeitados pelos governantes. É nesse contexto que surge a experiência de implementar ações culturais na Biblioteca Comunitária do Sertão, buscando a gestão participativa democrática e plural.

2.4.3.2 A Biblioteca Comunitária do Sertão

A Biblioteca Comunitária do Sertão está localizada no Barracão Comunitário que pertente à APROMAS (Associação dos Produtores e do Meio Ambiente do Sertão), e onde também funcionam as salas de aula da Escola Municipal Santo Antônio da Parida, também denominada Escola do Sertão. O terreno foi cedido pelo proprietário das terras vizinhas à antiga Escola Água Branca, o Senhor Denezin Inácio, para a Apromas, que, logo em seguida, em regime de mutirão e com material doado pela comunidade local e também por empresas e voluntários da região, ergueu um barracão denominado inicialmente Barracão dos Formandos, como homenagem à força de trabalho que os mesmos ali empreenderam.

Imagem 2 - Biblioteca Comunitária do Sertão.
Foto: Delmar Ferreira de Rezende
Imagem 3 - Biblioteca Comunitária do Sertão.
Foto: Delmar Ferreira de Rezende

         Naquela ocasião, a população local estava motivada pela defesa de seus direitos à educação e moradia, pois queriam viver ali tendo respeitadas  as garantias aos serviços básicos. Além de querer viver com mais conforto e dignidade, a comunidade desejava também estender aos filhos e netos essas possibilidades, bem como criar reais oportunidades de permanência dessas gerações na localidade.

Para o real cumprimento dessas bases, que estavam inclusive acima das querelas individuais, a APROMAS, em parceria com a Escola do Sertão, continuou atuando em prol da melhoria das condições de vida na localidade. E, juntas, alavancaram importantes conquistas para a região, como é o caso do aumento da oferta de educação básica e transporte escolar, parcerias com outras entidades, cursos técnicos e informais, o acesso à energia elétrica, o abastecimento de água potável nas residências, assistência técnica aos agricultores, melhoria nas vias de acesso à comunidade.

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A atuação conjunta dessas entidades favoreceu de forma substancial a melhoria das condições de vida da comunidade. Um bom exemplo foi a formação do acervo da Biblioteca (Figura 4), que foi inteiramente doado por cidadãos das cidades vizinhas, que cientes da campanha contínua de arrecadação de livros os enviavam para a sede da APROMAS, que na ocasião funcionava no prédio da Escola Municipal Água Branca, e que nesse período se encontrava desativada porque a escola polo estava funcionando em outro prédio.

Imagem 4 -  acervo da Biblioteca.
Foto: Delmar Ferreira de Rezende

Posteriormente, a escola polo transferiu-se para o prédio onde a Biblioteca se encontrava funcionando. Como as atividades eram afins, foi assinado um termo de cessão de uso do acervo bibliográfico, onde a APROMAS concedia a utilização desse acervo para a Escola do Sertão e, no decorrer dos anos, essa parceria foi sendo renovada. Até que no início do ano de 2014, por conta de questões conflituosas com a administração municipal acerca do espaço físico que a Biblioteca ocupava, e de uma destinação e organização duvidosa do acervo, essa cessão finalizou-se.

Com base nas experiências vivenciadas anteriormente na região, onde o poder público municipal às vezes dificultava o acesso a certos direitos, e com os ímpetos gerados pela consciência de serem sujeitos de suas histórias, cientes de sua identidade e autonomia, alguns associados e membros da comunidade resolveram implantar a Biblioteca Comunitária do Sertão, libertando-a das amarras formais que o sistema escolar impunha para seu funcionamento.  

Evidentemente que as mudanças, sejam quais forem, geram inseguranças e tensões que são potencialmente reveladas no convívio quotidiano das pessoas. No entanto, a população local e sua atuação frente aos problemas encontrados tem grande importância no resultado final, pois, diante dos obstáculos políticos e também daqueles que a própria natureza impõe, a comunidade, mesmo na adversidade, sempre encontrou um meio de sobreviver. Afinal, o rio só chega ao mar porque aprendeu a superar e contornar os obstáculos que encontra em seu caminho.

Como reflexo dessa postura, encontra-se o pensamento coletivo em torno de algumas questões cruciais para a região que, independente de qualquer partidarismo ou crença, possibilitou a união dos atores sociais num processo gradual de empoderamento; o que mais tarde, diante de certos conflitos vivenciados na região, permitiu à comunidade tomar para si o poder de decisão. Embora esse processo de participação, empoderamento e tomada de decisão tenha sido fruto da experiência obtida em outros enfrentamentos, talvez por isso mesmo tenha se tornado mais profícuo e internalizado em cada um daqueles atores.

Assim, diplomaticamente, a conversação se estabeleceu entre a APROMAS, a Prefeitura Municipal e a Câmara de Vereadores, no sentido de esclarecer quaisquer dúvidas e concluir novas parcerias. A Biblioteca Comunitária voltou às suas origens, funcionando no Barracão comunitário e onde é o principal ponto de encontro da comunidade. Se no início sediava apenas festas dos formandos e reuniões da Associação, no decorrer dos anos tornou-se palco para a realização de inúmeros eventos, tais como: missas e batizados, reuniões de produtores, cursos variados, ponto de apoio para torneios e campeonatos esportivos, atendimento médico e odontológico, apresentações culturais, celebração de aniversários, entre outros.  Tais eventos e festividades geralmente são realizados nos finais de semana e se constituem, então, em oportunidades únicas para o lazer familiar na comunidade.

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Desse modo, a Biblioteca Comunitária do Sertão encontra-se acomodada numa ampla área de cerrado nativo, com casas, plantações, pastos, morros e matas razoavelmente preservadas, onde a serenidade do local soma-se à beleza das montanhas e córregos. Nas imediações está situada a escola municipal, que oferta a educação básica, cujas salas de aula são vizinhas à Biblioteca. O ambiente é de fácil acesso a todas as pessoas, amplo, arejado e conta com iluminação artificial para as atividades noturnas.

O acervo da Biblioteca é formado por livros variados, mapas, filmes, gravuras, jornais e revistas. Compõem o acervo outros itens, como desenhos dos usuários, escultura, material esportivo e de teatro, jogos de mesa, computador, Datashow e os equipamentos para funcionar uma rádio comunitária. À medida que as doações vão chegando elas vão sendo catalogadas e inseridas no acervo da instituição. Por isso, há grande interesse em fazer intercâmbio com outras bibliotecas e entidades.

O funcionamento da Biblioteca busca atender as demandas dos usuários que, em sua maioria, são os alunos da escola e seus familiares, os professores e a equipe escolar, bem como outros membros da comunidade. Por isso, a Biblioteca funciona de segunda a sábado em períodos alternados e, um dia por semana, também é aberta à noite. Os horários são flexíveis e se adequam aos eventos, conforme são agendados. O atendimento normalmente é realizado pela secretária da APROMAS, Adenilza Cardoso da Silva, que está se graduando em História pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), e conforme a demanda, o pessoal de apoio, que são os outros membros da Associação, se organiza para cumprir as atividades dentro dos ideais da gestão compartilhada e do benefício comum.

2.5 RESULTADOS

2.5.1 Produto e Resultado da Intervenção

No decorrer do desenvolvimento de algumas atividades observou-se uma eficiente contribuição para o fortalecimento e valorização da identidade cultural da região. Dentre as quais, a mais bem-sucedida foi o Cine Sereno e a apresentação de fotos e vídeos das crianças e jovens da comunidade em diferentes fases de crescimento. Outra atividade com bom resultado foi a apresentação do Projeto na Câmara de Vereadores e o convite para se realizar uma sessão itinerante da mesma, nas dependências da Biblioteca, nos próximos meses.

Imagem 5 - Cine Sereno na Ponte e estudantes pesquisando na Biblioteca.
Foto: Delmar Ferreira de Rezende
Imagem 6 - Cine Sereno na Ponte e estudantes pesquisando na Biblioteca.
Foto: Delmar Ferreira de Rezende

O Cine Sereno trata-se de uma ação voltada para a divulgação do cinema e aproximação do mesmo com a comunidade local através de projeções feitas num telão improvisado na parede de casas da comunidade. A primeira sessão foi realizada pelo coletivo “Magnífica” da Faculdade de Comunicação da UFG, antes mesmo do Projeto Terra Encantada ter iniciado. Como essa atividade exige certa logística de deslocamento e equipamentos específicos, formou-se, então, uma parceria com a Biblioteca Comunitária para que houvesse a continuidade dessa ação, que mais adiante foi inovada pela apresentação de fotos e vídeos de autoria dos estudantes locais.

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A parceria tem se desenvolvido informalmente e de acordo com as necessidades de cada evento, sua localização e horário. Os equipamentos utilizados são da Biblioteca, de associados e também da escola; já os filmes são doados por voluntários e as fotos e vídeos locais são do arquivo digital que está sendo repassado pela presidente da Apromas, que dispõe de um razoável banco de imagens dessa região desde o início da década de 90. A isso se somam também as imagens e vídeos que os demais membros da comunidade e os visitantes vêm disponibilizando para contribuir com o arquivo digital “Memórias do Sertão”.

Embora a parceria entre a UFG e a APROMAS ainda não tenha sido formalmente celebrada, as ações têm sido implementadas conforme o cronograma apresentado. Vale ressaltar que a iniciativa do coletivo “Magnífica” da UFG foi fundamental para o desenvolvimento dessa ação cultural na comunidade, e o que antes era inimaginável passou a ser praticado com regularidade, contribuindo, assim, para aumentar o nível de maturidade e o empoderamento no desenvolvimento das ações culturais na região.

Outra atividade realizada foi a apresentação do projeto de intervenção na tribuna da Câmara de Vereadores do município de Alto Paraíso de Goiás. Essa explanação foi filmada e gravada com a finalidade de exercitar as novas habilidades e compilar dados para o projeto. Como resultado dessa ação, os vereadores aceitaram o convite de realizar uma sessão itinerante nas dependências da Biblioteca Comunitária, que deverá ocorrer no segundo semestre do corrente ano.

Nesse sentido, convém destacar a importância da teoria sobre Educação Patrimonial e sua respectiva legislação, seu caráter explicativo partindo dos direitos individuais e coletivos das pessoas na perspectiva dos direitos humanos. Tal conhecimento foi fundamental para embasar tanto a formatação do projeto de intervenção quanto para desenvolver e implementar as ações culturais decorrentes do projeto.

Ainda é cedo para contabilizar todas as mudanças ocorridas a partir desse projeto de intervenção, até porque esse reconhecimento acontece no desenrolar da vida cotidiana da comunidade e seus efeitos podem ultrapassar a barreira do tempo. Mesmo assim, já é possível observar que as pessoas reconhecem a Biblioteca como mais um ambiente aglutinador de conhecimento e de produção de conteúdos úteis à comunidade e região. Também reconhecem a facilidade de acesso ao local, pois tem seu funcionamento em horários diferenciados, e descolados do período escolar, entre outros aspectos.

De forma que a comunidade agora possui mais uma maneira, a Biblioteca Comunitária do Sertão, para se relacionar de modo mais consciente e autônomo com as instituições locais, tanto as do poder público quanto as não governamentais. Também se criou novos espaços de convivência, saídas de campo, atividades culturais e esportivas, e mais uma opção de lazer na comunidade. Convém ressaltar que a dinamização do funcionamento da biblioteca ainda não atingiu o máximo a que se propõe, o que poderá ser devidamente alcançado com a continuidade e a implementação das ações culturais na região.

Entre as principais atividades desenvolvidas pode-se citar a formação de agente local em Patrimônio e Direitos Culturais, aulas sobre patrimônio cultural na escola, pesquisas escolares e públicas, empréstimos de livros e equipamentos, apresentação do Cine Sereno, a coleta de doações de acervo material e digital, a guarda de material teatral e do Grupo de Mulheres, entre outras.

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Outro aspecto que deve ser ressaltado foi o lento, mas progressivo, avanço na conscientização e na valorização do Patrimônio Cultural da região, que até então era inexistente. A questão da identidade cultural da comunidade ainda é tema de debates, o acesso aos direitos do cidadão do campo também. Assim como esses, vários outros assuntos serão abordados, pois o projeto de intervenção no papel termina, mas na prática não. A ação cultural iniciada será levada adiante e a cada possível mudança da sociedade local, ela se transformará para continuar servindo à comunidade.

Ainda não foi possível avaliar os procedimentos metodológicos e assim perceber quais fatores mais contribuíram para o alcance dos objetivos, o que certamente facilitaria o desenvolvimento desse projeto em outras comunidades e regiões do país. Por isso, a experiência continuará, no intuito de gerar mais dados que permitam contribuir com o tema Bibliotecas Comunitárias no Campo.

Entre as atividades que foram propostas, mas que ainda não foram realizadas devido tanto ao tempo quanto à questões logísticas, pode-se citar a roda de conversas, as oficinas de patrimônio para a comunidade, os programas regulares de rádio, a impressão e disseminação de material informativo e a sessão itinerante da Câmara de Vereadores, sendo que algumas dessas ações já estão devidamente encaminhadas e dependem apenas do fator tempo, enquanto outras dependem de acertos e aportes financeiros.

As parcerias realizadas no início do projeto estão mantidas e as responsabilidades divididas entre elas também continuam, pois daí é que surgirão os verdadeiros exemplos de gestão coletiva de uma entidade cultural camponesa em prol do bem comum.

3. CONCLUSÃO

3.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este projeto de intervenção se propôs a conhecer e analisar as bases conceituais acerca de Biblioteca Comunitária no Campo, encontradas na literatura específica, a fim de melhor identificar as particularidades das mesmas e, então, comparar com a experiência prática acontecida na região foco desse estudo. Com base no que foi lido, estudado e analisado, chegou-se à conclusão que, de fato, a Biblioteca Comunitária do Sertão possui as características essenciais para ser qualificada como comunitária. No decorrer dos meses da execução do projeto de intervenção também foi possível perceber a identidade cultural coletiva se formando e se fortalecendo através do comportamento dos usuários e Equipe de Apoio.

No entanto, convém ressaltar que algumas ações poderiam ter sido realizadas com mais tempo e eficiência, algo que após essa experiência será mais bem planejado. Outras atividades que até o momento não foram desenvolvidas poderão ser implementadas conforme a necessidade, as demandas e as possibilidades.

Assim, pode-se concluir que a Educação Patrimonial na prática pode ter vários nomes, mas a intenção permanece a mesma, que é a de fortalecer os vínculos comunitários e valorizar a identidade cultural de um povo e região, dando-lhes voz, autonomia e poder de decisão e, acima de tudo, o direito de ter direitos.

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