PDCC - Webconferências 2016
 
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Apresentação

Diz o ditado popular que “panela que muitos mexem não toma tempero”, mas o “tempero” deste livro está justamente no fato dele ter sido mexido por muitas pessoas. Ele é, como vários outros livros o são, resultado de um projeto. Porém, nesse caso, não de um projeto específico para a elaboração de um livro, mas sim de um projeto de extensão que ocasionalmente se transformou em livro e cuja característica principal foi o envolvimento de várias pessoas.

Considerando a extensão universitária como uma função acadêmica essencial para o fortalecimento da relação entre o pensar e o fazer, entre a teoria e a prática, bem como a necessária interdisciplinaridade para que a extensão se configure no processo de produção do conhecimento, este projeto contou com a participação de 11 conferencistas das áreas da Sociologia, da Antropologia, do Direito, da História e da Comunicação/Patrimônio; todos eles voltados para as questões culturais e suas inter-relações com o patrimônio e a cidadania. Esses pesquisadores buscaram relacionar as questões teóricas pertinentes às suas áreas com as ações e manifestações culturais de nossa sociedade e, em alguns casos, explicitaram como foi possível refletir sobre suas práticas de ensino e de pesquisa, com base nas práticas cotidianas de determinados grupos culturais.

O projeto de extensão Primeiro e Segundo Ciclos de Webconferências Patrimônio, Direitos Culturais e Cidadania foi desenvolvido pelo Núcleo Interdisciplinar de Estudos e Pesquisas em Direitos Humanos da Universidade Federal de Goiás (NDH-UFG), por meio de sua Especialização Interdisciplinar em Patrimônio, Direitos Culturais e Cidadania (EIPDCC), realizada na modalidade de educação a distância (EAD) – semipresencial, em parceria com o Grupo de Estudos e Pesquisas em Direitos Culturais (GEPDC) do Programa de Pós-Graduação em Direito Constitucional – Mestrado e Doutorado – da Universidade de Fortaleza (Unifor). Durante os meses de agosto e setembro de 2014 e fevereiro a abril de 2015, os alunos da EIPDCC, bem como as pessoas da comunidade interessadas nos assuntos debatidos pelos conferencistas, puderam participar de dez webconferências. As temáticas foram definidas em consonância com o conteúdo das disciplinas do curso naquele período. 

A intenção dos ciclos de webconferências era não só propiciar mais uma instância de debate e aprofundamento dos temas para os alunos do curso, mas, principalmente, possibilitar à comunidade em geral o acesso a esse espaço de discussão e informação. Desta forma, tanto as pessoas que não atendiam aos critérios para concorrer a uma vaga no curso (ou concorreram e não a conseguiram), quanto as que atuam com cultura em suas várias instâncias e se interessam por esse debate, poderiam participar livremente. Para tal, bastava se inscrever através de endereço eletrônico. Esse procedimento se mostrou eficaz, pois foi possível atender a pessoas de Estados e municípios diversos, democratizando ainda mais o debate. Todas as pessoas participantes receberam certificados.

Nos dez encontros realizados virtualmente, além de ouvir e receber várias informações, os participantes puderam apresentar seus questionamentos e dialogar com o(s) conferencista(s) e entre si, possibilitando o enriquecimento e a ampliação do debate. No caso específico dos alunos da especialização, foi também possível buscar a inspiração para a realização prática de seus projetos, visando o trabalho de final de curso, já que este seria uma ação de intervenção em algum espaço, ambiente, manifestação, instituição ou grupo cultural.

Você, leitor, terá a oportunidade de se inteirar de todo esse conteúdo a partir do material textual de cada webconferência. As temáticas foram selecionadas e escolhidas com o intuito de delinear um panorama interligado e interdependente dos direitos culturais, do patrimônio cultural e da cidadania cultural, na perspectiva da cultura como um dos direitos humanos (DHs) e, como tal, indissociável dos outros DHs.

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Consideramos essencial falar sobre/em/de cultura, pois nem sempre as pessoas inseridas em seus coletivos, em grupos que são, ao mesmo tempo, distintos em vários aspectos e semelhantes em outros, estão atentas à importância da cultura para e nas suas vidas. Como diz outro ditado popular, “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Portanto, ao reforçar constantemente esses pressupostos, enfatizando o quanto as questões culturais fazem parte dos nossos cotidianos e perpassam as várias outras áreas, é que estaremos interiorizando e assimilando a cultura enquanto algo presente, dinâmico e fundamental na vida em sociedade.

O primeiro ciclo de webconferências teve seu início no dia 8 de agosto de 2014, com a conferencista Daniela Lima de Almeida e o tema “A Dimensão Cultural da Constituição Brasileira de 1988”. Na sequência, em 15 de agosto, Welbia Carla Dias falou sobre “A memória cultural como um direito público: o uso dos meios de comunicação na trajetória institucional do IPHAN”. Em 22 de agosto, Luciana de Oliveira Dias abordou as "Ações afirmativas no paraíso racial: relações étnico-raciais e educação no Brasil” e, em 12 de setembro, Márcia Sucupira Viana Barreto fez uma “Análise do sistema público de financiamento à cultura no Estado do Ceará”. Por fim, encerrando o primeiro ciclo, Nei Clara de Lima e Rosani Moreira Leitão falaram sobre "As Bonecas Karajá como Patrimônio Cultural Brasileiro: relatos a partir da pesquisa que subsidiou o processo de registro junto ao IPHAN".

Dando início ao segundo ciclo de webconferências, em 4 de fevereiro de 2015, Michelle Nogueira de Resende abordou o tema “As Ceramistas Karajá e o Registro de suas Ritxoko” e, na sequência, em 18 de fevereiro, Danielle do Carmo falou sobre "A Memória e o Patrimônio no Espaço Urbano: A Avenida Goiás em Goiânia". No dia 4 de março, Marcus Pinto Aguiar discutiu “Direitos Culturais como Direitos Humanos” e em 18 de março o tema foi “Cidadania Patrimonial: algumas reflexões na perspectiva antropológica”, com Manuel Ferreira Lima Filho. Finalizando o segundo ciclo, no dia primeiro de abril a discussão girou em torno do assunto “A Relação entre Cultura e Direito: mitos e fatos”, com Francisco Humberto Cunha Filho.

Esse projeto de extensão, bem como este livro, só foi possível por causa da disponibilidade de cada um que nele atuou. Destaca-se o envolvimento da equipe técnica do Centro Integrado de Aprendizagem em Rede da UFG (CIAR) para a transmissão e gravação das webconferências e da equipe de publicações do CIAR, que providenciou a revisão linguística e se responsabilizou por toda a produção artística e a diagramação desta publicação, assim como o apoio da coordenação e a atuação da secretaria da EIPDCC e de estagiários do NDH nas atividades administrativas, na divulgação dos ciclos e na transcrição das webconferências.

É importante ressaltar a disposição de cada conferencista de doar-se e repassar parte de seus conhecimentos com muita competência, aceitando imediatamente ao nosso convite para ministrar a webconferência e, posteriormente, revisando o conteúdo de suas falas a partir das transcrições. Destaca-se, ainda, a importante parceria com o GEPDC da Unifor, na pessoa do professor Humberto Cunha, que lançou e abraçou a ideia das webconferências, bem como desta publicação, propondo e gentilmente cedendo o espaço para seu lançamento no IV Encontro Internacional de Direitos Culturais. Sem dúvida, tudo isso também não seria possível não fosse a disposição do público participante, a quem agradecemos pelo interesse e, principalmente, pelas várias perguntas, que movimentaram o debate e, certamente, despertaram em todos nós as bases para novas reflexões.

Goiânia-Goiás, julho de 2015.

Marisa Damas Vieira
Coordenadora do Projeto de Extensão I e II Ciclos
de Webconferências, Patrimônio, Direitos Culturais e Cidadania
Universidade Federal de Goiás