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Reflexões Acerca do Estatuto De Museus e as Ações Realizadas pela Rede De Educadores em Museus de Goiás no Museu de Arte Contemporânea de Goiás – Centro Cultural Oscar Niemeyer

Este trabalho pretende apresentar reflexões acerca da Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que, entre outras providências, institui o Estatuto de Museus, bem como analisar o que o Museu de Arte Contemporânea de Goiás vem realizando para atender às perspectivas em relação à função social museal. O trabalho também apresenta os resultados do I Encontro da Rede de Educadores em Museus, REM-Goiás (Gestão 2015/2016), “MAC│Goiás, Público e Esplanada”, ao oportunizar uma visita à exposição do MAC “Um Só Corpo: Arte Contemporânea nos Países do MERCOSUL” e refletir sobre Artes, Museus e Acessibilidade – AMA, para o público espontâneo frequentador da Esplanada JK, em horário diferenciado.

Palavras-chave: Museu de Arte Contemporânea de Goiás; Estatuto de Museus; Educação e Museologia.

Aluna: Aluane de Sá da Silva

Polo: Goianésia

Orientadora Acadêmica: Juliana Ribeiro Marra

Coordenadora de orientação: Vânia Dolores Estevam de Oliveira

1. INTRODUÇÃO

A arte, o museu e a educação museal sempre foram objetos de meu interesse desde a década de 90, quando fiz bacharelado em Artes Visuais. Neste período, realizei estágio no Museu Antropológico da Universidade Federal de Goiás (UFG), participando de montagens de exposições, dentre outras ações, e, depois no Museu de Arte Contemporânea de Goiás, onde, por algum motivo, estive desafiada a desenvolver e coordenar ações para o público, e no treinamento de equipes de atendimento. E de lá para cá, tornei-me uma profissional que busca aprimorar-se, qualificar-se e, recentemente, finalizei a graduação em museologia. Ambos os cursos de graduação pela UFG e logo a oportunidade de realizar esta especialização que, além do norte, oportunizou reflexões interdisciplinares sobre o Patrimônio, Direitos Culturais e Cidadania.

Durante as disciplinas cursadas, por meio da educação à distância e nos encontros presenciais, as reflexões e discussões me levaram a pensar em políticas públicas. Minha relação com o Museu de Arte Contemporânea de Goiás (MAC│Goiás), além de profissional invade todos meus sentidos, pois, a arte e a cultura, para mim, são sinônimas de alimento da alma, tão necessárias quanto: educação, saúde e segurança. Neste sentido, a Legislação Brasileira tem garantido o acesso à cultura, pois são vários os instrumentos jurídicos criados, a própria Constituição Federal de 1988, alguns decretos sobre o Patrimônio Cultural e, recentemente, a Lei nº 11.904, de 14 de janeiro de 2009, que, entre outras providências, institui o Estatuto de Museus, em vigor desde maio de 2014

O museu é uma instituição de memória, que por excelência abriga objetos de cultura material provenientes das sociedades, sejam elas contemporâneas ou passadas, por profissionais interdisciplinares que selecionam e configuram sua vocação junto à comunidade na qual está inserido.

Os museus são casas que guardam e apresentam sonhos, sentimentos, pensamentos e intuições que ganham corpo através de imagens, cores, sons e formas. Os museus são pontes, portas e janelas que ligam e desligam mundos, tempos, culturas e pessoas diferentes. (Ibram, 2009) .

Instituto Brasileiro de Museus. Disponível em:<http://www.brasil.gov.br/cultura/2010/01 /instituto-brasileiro-de-museus-apoia-trabalho-das-instituicoes>. Acesso em: 12 jun. 2015.

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Esta definição poética apresentada pelo Ibram nos permite imaginar um lugar para além das atividades nele envolvidas, como a conservação, a pesquisa, a comunicação e a exibição de sua coleção, pois, a função social perpassa, sobretudo, pela comunicação e a exposição. Portanto, pensar o museu como objeto de estudo e pesquisa para este trabalho é fundamental, visto que é a partir dele, que constitui além das minhas reflexões, sobretudo, minhas ações profissionais.

A Lei nº 11.904, de 19 de janeiro de 2009, que, dentre outras providências, institui o Estatuto de Museus, visando o desenvolvimento cultural e socioeconômico, com a participação da comunidade. É um instrumento sancionado pela Presidência da República, com diretrizes para as ações desenvolvidas pelas instituições museológicas e culturais. Desta maneira, pretende-se conferir se o Museu de Arte Contemporânea de Goiás se adequou para atender ao Estatuto de Museus - especificamente sobre o Artigo 2º, o Inciso 2º do Art. 28, Art. 29 da Subseção II, e os Artigos 36 e 37 da Subseção III.

Ademais, a intervenção realizada foi por meio da Rede de Educadores em Museus de Goiás (REM-Goiás), que foi criada no ano de 2010, logo após a criação do curso de graduação em Museologia na UFG, filiada à REM-Nacional. É um coletivo de pessoas interessadas em educação formal e não formal, com a finalidade de mapear ações educativas em instituições culturais, estimular a criação de serviços educativos nas instituições que ainda não têm, e, sobretudo, realizar cinco encontros e um seminário por gestão – anual. Participo da REM-Goiás desde o início, seja como membro, seja na Coordenação , na Gestão de 2011/2012, estive na Coordenação Geral, as ações neste período foram realizadas sob o viés de museus e escolas. No período de 2015/2016, assumi novamente a Coordenação Geral e as ações, permeadas no/pelo tema Arte, Museus e Acessibilidade – AMA, a qual pretende incentivar reflexões e diálogos a respeito da Arte, enquanto fenômeno de ordem estética que proporciona percepções, sensibilidade e emoções. Museus podem ser compreendidos para além das instituições tradicionais, como os processos de musealização ao despertar a relevância da salvaguarda e da comunicação do Patrimônio Cultural – material ou imaterial – e a acessibilidade, enquanto direito do cidadão de ter acesso às referências culturais, face ao objeto de escopo deste trabalho.

A coordenação da REM-Goiás é composta pelas coordenações: Geral, de Estudos e Articulação, Comunicação e Secretaria Geral.

São vários os envolvidos e beneficiários nas ações propostas, seja o Museu, ao receber, ao final, o resultado das ações desenvolvidas, o resultado da Pesquisa de Público, realizada na Esplanada JK, no dia 13 de junho, abrir o MAC│Goiás em horário diferenciado; a própria ação no Museu para um público ‘não frequentador’; os resultados do Instrumento de Percepção, preenchidos por alguns visitantes, no dia 04 de julho. Proporcionar ao público participante a sensibilidade e a emoção, por meio da fruição estética, ao conferirem a exposição “Um Só Corpo: Arte Contemporânea nos Países do Mercosul”, provocar reflexões e realizar diálogos através da roda de conversa, sobre a arte, a função das instituições museológicas. Creio ter conseguido os objetivos deste trabalho, eu, privilegiada em criar tantas provocações, e, mais do que isso, estarei apreendendo muitas emoções, novas experiências e todo o conhecimento são bagagens essenciais, seja pessoal e profissional. A REM-Goiás cumpre uma de suas tarefas – realizar o I Encontro (Gestão 2015/2016) “MAC│Goiás, Público e Esplanada” (convite abaixo), e, também, adquire experiências, amplia suas ações e parcerias e diálogos, seja com o Museu, seja com o público.

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Imagem 1 – Convite do I Encontro da REM-Goiás (Gestão 2015/2016) “MAC│Goiás, Público e Esplanada”.
Designer: Aluane de Sá

2. DESENVOLVIMENTO

2.1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICO-TEÓRICA

Ao longo do tempo, a sociedade vem passando por processos de transformação e, com isso, se modificando. E os museus, em certa medida, acompanham esse dinamismo, conforme o texto A história dos museus – das origens ao séc. XIX, de Cândido (2009), durante a Idade Média os objetos sacros foram considerados tesouros, as igrejas mantenedoras enriqueciam e, por vezes, também eram alvo de saques. No período renascentista, na Europa, os museus eram lugares de guarda e pesquisa de objetos exóticos representativos das mais diversas culturas e regiões longínquas da Terra, espaços exclusivos de seus colecionadores e de um público bastante elitizado e restrito. Na modernidade, estes espaços são chamados de Gabinetes de Curiosidades e Gabinetes de Maravilhas.

O surgimento dos espaços destinados à arte ocorreu no século XVIII. Na Europa, as Academias de Belas Artes, predominantemente, eram organizadas por período artístico, mantendo uma espécie de linha do tempo, espaços destinados a um público ainda restrito, artistas e estudantes de arte. O Museu de Arte Moderna de Nova York, criado em 1929, serviu de paradigma para outros museus dessa tipologia, principalmente na América Latina, como a autora Cristina Freire descreve no livro Poéticas do Processo: “O sistema de valores e representações no qual os museus de arte moderna e contemporânea se assentam tem como narrador oficial o Museu de Arte Moderna de Nova York”. (1999, p.43).

Ao longo de todos esses períodos, os museus vêm se transformando e assumindo um caráter público e aberto, um espaço de salvaguarda (documentação e conservação) e comunicação (expografia e ação educativo-cultural). Ainda na década de 50, precisamente entre os dias 7 a 30 de setembro de 1958, o Rio de Janeiro sediou o Seminário Regional da UNESCO sobre a Função Educativa dos Museus. Dentre os vários assuntos abordados, enfatizou-se a necessidade dos museus criarem programas didáticos a educação formal, e, também, alcançar outros meios de comunicação para ampliar seu público. Verificou-se, portanto, que a exposição é fundamentalmente o maior meio de divulgação de sua mensagem, pois, o museu tem “com finalidades de estudo, educação e lazer, os testemunhos materiais da evolução da natureza e do homem”, (ARAUJO, et al, 1995, p. 9), definição utilizada pelo ICOM (Conselho Internacional de Museus) na década de 90. O documento conclusivo deste Seminário, de autoria de Georges Henri Rivière, então diretor do ICOM, ao se referir sobre o Museu e a Educação:

O Museu pode trazer vários benefícios à educação. Esta importância não deixa de crescer. Trata-se de dar à função educativa toda a importância que merece, sem diminuir o nível da instituição, nem colocar em perigo o cumprimento das outras finalidades não menos essenciais: a conservação física, investigação científica e deleite, etc. (1995, p. 11).

Na década de 70, um evento organizado pelo ICOM no Chile, amplamente conhecido na área museológica, a “Mesa Redonda de Santiago do Chile”, deixa duas mensagens essenciais, conforme os autores acima mencionados: a questão do museu integral relacionando-se a totalidade dos problemas da sociedade (aspectos do seu meio material e cultural) e o museu ação, como ferramenta de mudança social. Vale registrar, que mesmo não estando presente, por questões políticas, Paulo Freire contribuiu com suas ideias acerca do conceito de “conscientização”, que nortearam as discussões referentes à educação em museus, pois o homem passa de “homem-objeto” a “homem-sujeito” (ALVES, V. et al, 2013, p. 1).

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Outros documentos, como a Declaração de Quebec, 1984, reafirmam a importância do museu como instrumento a serviço do desenvolvimento humano. A Declaração de Caracas, em 1992, além de atualizar os conceitos do documento de Santiago do Chile, enfatiza a necessidade dos museus serem espaços de comunicação e interação com a sociedade e os processos e produtos culturais.

Os documentos supracitados nortearam as ações e as políticas museais, tanto no Brasil como no restante do Ocidente. Acredita-se que estes foram essenciais na formulação de políticas públicas nacionais, especificamente na área dos museus e centros culturais.

A Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural é um grande marco no que tange os direitos humanos, em seu Artigo 4 – Dos direitos humanos, garantias da diversidade cultural, “A defesa da diversidade cultural é um imperativo ético, inseparável do respeito à dignidade humana” (UNESCO, 2002, p.02). Também no mesmo documento, no Artigo 5, sobre os direitos culturais: “[...]; toda pessoa deve poder participar na vida cultural que escolha e exercer suas próprias práticas culturais, dentro dos limites que impõem o respeito aos direitos e às liberdades fundamentais.” (2002, p.03).

Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/images/0012/001271/127160por.pdf>. Acesso em: 28 jun. 2015.

Sabe-se que o Brasil é um Estado Membro e comprometido em seguir as orientações da UNESCO. No documento acima supracitado, sobre as linhas gerais do Plano de Ação para aplicação da Declaração, os Estados-Membros devem tomar entre outras medidas:

3. Favorecer o intercâmbio de conhecimento e das práticas recomendáveis em matéria de pluralismo cultural, com vistas a facilitar, em sociedades diversificadas, a inclusão e a participação de pessoas e grupos advindos de horizontes culturais variados;

13. Elaborar políticas e estratégias de preservação e valorização do patrimônio cultural e natural, em particular do patrimônio oral e imaterial e combater o tráfico ilícito de bens e serviços culturais;

18. Elaborar políticas públicas que promovam os princípios inscritos na presente Declaração, inclusive mediante mecanismos de apoio à execução e/ou de marcos reguladores apropriados, respeitando as obrigações internacionais de cada Estado. (DECLARAÇÃO UNIVERSAL SOBBRE A DIVERSIDADE CULTURAL, 2002, p. 06).

A Constituição Federal de 1988, no âmbito da Cultura, em seu Artigo 215, afirma que o Estado: “Garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso as fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a difusão das manifestações culturais” (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 2010, p.139).

Além de proteger as manifestações populares, sejam elas indígenas, afro-brasileiras ou de qualquer outro grupo participante do processo civilizatório nacional, também estabelece no Inciso 3º:

I – Defesa e valorização do patrimônio cultural brasileiro; II – produção, promoção e difusão de bens culturais; III – formação de pessoal qualificado para a gestão da cultura em suas múltiplas dimensões; IV – democratização da diversidade étnica e regional. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 2010, p. 139).

A Lei nº 11.904, que estabelece o Estatuto de Museus e dá outras providências, como a criação dos Sistemas de Museus, garante no parágrafo único do Artigo 1º: “Enquadrar-se-ão nesta lei as instituições e os processos museológicos voltados para o trabalho com o patrimônio cultural e o território visando ao desenvolvimento cultural e socioeconômico e à participação das comunidades” (LEGISLAÇÃO SOBRE MUSEUS, p. 28, 2012).

No seu Art. 2º encontram-se os princípios fundamentais dos museus, sendo eles:

I – a valorização da dignidade humana; II – a promoção da cidadania; III – o comprimento da função social; IV – a valorização e preservação do patrimônio cultural e ambiental; V – a universalidade do acesso, o respeito e a valorização à diversidade cultural; VI – o intercâmbio cultural .

Lei nº 11.904. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20072010/2009/Lei/L11904.htm>. Acesso em: 08 jun. 2015.

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Na subseção II Do Estudo, da Pesquisa e da Ação Educativa, Artigo 28, Inciso 1º “O estudo e a pesquisa nortearão a política de aquisições e descartes, a identificação e a caracterização dos bens culturais incorporados ou incorporáveis e as atividades com fins de documentação, de conversação, de interpretação e exposição e de educação”, no Inciso 2º. “Os museus deverão promover o estudo de público, diagnóstico de participação e avaliações periódicas objetivando a progressiva melhoria da qualidade de seu funcionamento e o atendimento às necessidades dos visitantes”.

Lei nº 11.904. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20072010/2009/Lei/ L11904.htm>. Acesso em: 08 jun. 2015.

No Artigo 29:

Os museus deverão promover ações educativas, fundamentadas no respeito à diversidade cultural e na participação comunitária, contribuindo para ampliar o acesso da sociedade às manifestações culturais e ao patrimônio material e imaterial da Nação.

No Artigo 37:

Os museus deverão disponibilizar um livro de sugestões e reclamações disposto de forma visível na área de acolhimento dos visitantes, este último Artigo pertence à Subseção III, Da Difusão Cultural e Do Acesso aos Museus.

Percebe-se que o Brasil vem criando marcos regulatórios, no que tange à área do Patrimônio Cultural Nacional. Recentemente, a Lei nº 11.906, de 20 de janeiro de 2009, cria o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) e cargos efetivos do Plano Especial de Cargos da Cultura. O Plano Nacional de Cultura (PNC), instituído pela Lei 12.343, de 2 de dezembro de 2010, com a finalidade de planejar e implementar as políticas públicas ao longo de dez anos (2020), direcionada à proteção e promoção da diversidade cultural brasileira, dentre outras Normas, Lei, decretos, etc., que aqui não foram citados. Destaca-se aqui, apenas na área museológica, que vários instrumentos e marcos visam estabelecer orientações para a salvaguarda e comunicação de acervos museológicos e outros meios de proteção à diversidade cultural.

Portanto, pretende-se conferir se o Museu de Arte Contemporânea de Goiás vem desenvolvendo ações de adequação, especificamente no que se refere ao Artigo 2º, o Inciso 2º do Artigo 28 da Subseção II, o Artigo 29 da mesma Subseção e os Artigos 36 e 37 e da Subseção III, da Lei nº 11.904, de 19 de janeiro de 2009. Além de relatar a realização da intervenção na Esplanada JK , para que o público frequentador deste espaço pudesse visitar a exposição em cartaz num horário especial, garantindo a acessibilidade ao MAC/Goiás.

A Esplanada JK é a área aberta que circunda os espaços construídos no Centro Cultural Oscar Niemeyer, mede 19.645 m2, desde a retirada das grades – acesso principal pela GO – 020. No início de 2014, muitas pessoas passaram a ocupar o espaço para lazer e a prática de esportes, com patins, skates, bicicletas, etc.

2.2 O MUSEU DE ARTE CONTEMPORÂNEA DE GOIÁS

O Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Goiás, assim criado no ano de 1987, através do Decreto-Lei nº 2.712 de 18 de maio, inaugurado em 08 de dezembro de 1988, e, desde então, firmou-se na memória popular como Museu de Arte Contemporânea de Goiás. Ou, muitas vezes, chamado por MAC│Goiás, ou somente MAC. O acervo foi adquirido através da I Bienal de Artes de Goiás, e de outros concursos e Salões de Arte, além de doações de extintas instituições, como a Caixa Econômica do Estado de Goiás (CAIXEGO) e o Banco do Estado de Goiás (BEG), Prêmio Flamboyant, entre outras doações e aquisições. Durante muitos anos ficou instalando no Centro da Cidade de Goiânia, ocupando a sobreloja de edifício Parthenon Center.

Mesma lei de criação do Museu Pedro Ludovico Teixeira. Disponível em: <http://www.gabinetecivil.go.gov.br/pagina_decretos.php?id=9578>. Acesso em: 25 jul. 2015.

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No final da década de 90, o MAC│Goiás passou por uma adequação no espaço expositivo, e, desde que foi reinaugurado, estabeleceu-se com um grande promotor das artes no Estado, bem como viabilizou exposições de artistas da vanguarda tanto nacional, quanto internacional, em suma, vem trabalhando com exposições temporárias de artistas contemporâneos e também, desta maneira, expõe seu acervo.

Como já citado na introdução, além da ligação afetiva, participei, logo após de sua reabertura, da trajetória desta instituição, seja inicialmente no atendimento ao público, e, posteriormente, com o desenvolvimento e coordenação de ação educativa na maioria das exposições temporárias, com isso, é grande a familiaridade e afetividade com o Museu.

No ano de 2006, uma nova sede foi inaugurada para o Museu, no Centro Cultural Oscar Niemeyer (CCON), sendo transferido, inicialmente, em 2011, – ocupação das salas expositivas – e, em meados de 2014, foi realizada a transferência total e definitiva do acervo.

Na verificação sobre o Museu de Arte Contemporânea de Goiás, para além de meu olhar específico, desenvolvi um roteiro para entrevistar a atual Superintende do Patrimônio Histórico Artístico, da atual Secretaria de Educação, Cultura e Lazer do Estado de Goiás (SEDUCE), Senhora Tânia Mendonça, que esteve na direção do MAC│Goiás, no período de 2011 a 2015.

Além de conferir se o Museu vem desenvolvendo ações seguindo as orientações do Estatuto de Museus, a finalidade era verificar se havia o Plano Museológico previsto na Seção III, do mesmo instrumento normativo, e quais as metas implantadas em curto prazo, especificamente nas ações para o público – função social.

O MAC│Goiás tem o Plano Museológico de curto prazo, a data vigente era de 2013 – 2014, entre várias metas, a qual interessa é da função social – ação educativa – no documento Plano Diretor, existe a proposta de criação de cinco Núcleos, entre eles, o de Arte-Educação e Comunicação:

Compreendo a comunicação como um fator decisivo de consolidação da política museológica, o Núcleo terá a responsabilidade de envolver todas as áreas de atuação do Museu, desde a pesquisa, a preservação do acervo, até a concepção e montagem de exposição (a exposição é, neste contexto, o produto do trabalho interativo realizado durante todo o processo de concepção, produção e montagem). (PLANO DIRETOR, 2013, p. 4).

No Plano de Metas de 2013-2014, que tem por finalidade especificar os responsáveis e ações a serem almejadas em curto prazo, a respeito do mesmo Núcleo:

O NÚCLEO DE ARTE-EDUCAÇÃO E COMUNICAÇÃO tem o objetivo de promover ações educativas capazes de potencializar a fruição e a compreensão das obras pertencentes ao acervo do Museu, através do estímulo ao diálogo com os visitantes e à percepção, interpretação e compreensão das obras; garantir a ampla acessibilidade, além de promover a inclusão de novos visitantes que não são frequentadores, incentivando-os à visitação e participação nos processos museológicos.

O Núcleo tem ainda o objetivo de promover pesquisas periódicas para conhecer o perfil do visitante do MAC para reordenar seus projetos de educação e comunicação; estabelecer o diálogo permanente com instituições de ensino, através de parcerias, projetos e programas complementares ao conteúdo didático das escolas públicas e particulares, das instituições de educação especial, e de outras instituições representativas da comunidade. Tem ainda o objetivo de desenvolver a programação anual das atividades do Setor e elaborar relatório mensal dos trabalhos executados. (PLANO MUSEOLÓGICO – PLANO DE METAS, 2013, p. 4).

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Constatou-se que o Museu, além de ter um Plano Museológico, tinha a pretensão de criar o Núcleo de Arte Educação, mesmo que, atualmente, o Núcleo de Ação Educativa está sendo implantando e integrando as outras unidades Museológicas do Estado de Goiás, sob a coordenação da atual diretora do Museu de Imagem e Som (MIS), Keith Valério Tito. Conforme reuniões que participei, e a própria superintende confirmou a atual realidade. Em relação à equipe, o Museu ainda não atingiu o ideal em termos quantitativo, mas, conforme Tânia, conta com profissionais de diversas áreas, sendo uma equipe interdisciplinar, além dos próprios alunos de museologia, contratados por meio do Instituto Euvaldo Lodi (IEL).

Sobre o Artigo 29 da Subseção II, do Estatuto de Museus, no que diz respeito da participação comunitária, Tânia compreende que o Conselho Consultivo do Museu, que são representantes da sociedade civil – é um diferencial no Museu, mas ainda deverá formar outros grupos para participar de forma geral nas decisões, principalmente no que diz respeito ao acervo, a universidade também é compreendida como representantes da comunidade, neste sentido para ela existe o diálogo. No Plano de Metas, no Núcleo de Arte-Educação consta “[...] promover a inclusão de novos visitantes que não são frequentadores, incentivando-os a visitação e a participação nos processos museológicos” (PLANO MUSEOLÓGICO, 2013-2014, s/p.).

Sobre o livro de sugestões e reclamações disponível ao visitante, o Museu disponibilizou um livro de comentários nas exposições “Múltiplo Leminski” e “Arte Urbana”, ambos por minha sugestão, sendo na segunda, através da estagiária Karlla Kamylla Passos dos Santos. Em ambos os livros existem comentários sobre as exposições e as pessoas aproveitaram desses espaços para fazer desenhos e ‘trechos’ poéticos, além de parabéns a produção e aos mediadores, chamados de ‘guias’ nos comentários da exposição “Múltiplo Leminski”. Nos comentários da exposição “Arte Urbana”, além dos parabéns a toda equipe envolvida e aos artistas, várias escritas em formas utilizadas nas pichações e há uma em particular, que me chamou atenção: “Não é um museu, é um parque de diversões” (CADERNO DE COMENTÁRIOS – ARTE URBANA, 2014, p. 17).

2.3 REALIZAÇÃO DA INTERVENÇÃO

A intervenção no Museu de Arte Contemporânea de Goiás ocorreu no dia 04 de julho, das 18h30 às 20h30, a exposição “Um Só Corpo: Arte Contemporânea nos Países do MERCOSUL” encerrou no dia 05 de julho de 2015. Como já mencionado, a ação foi planejada e executada através da REM-Goiás, com a colaboração dos coordenadores: Aluane de Sá – Coordenação Geral; Simone Rosa – coordenadora de Estudos e Articulação; Julianna Carvalho – coordenadora de Comunicação e Karlla Kamylla Passos dos Santos – Secretaria Geral. A participação foi desde o planejamento (Ilustração 2), em todas as etapas, (Ilustração 3) até a execução e avaliação. Como já mencionado, a realização da Pesquisa de Público no dia 13 de junho, foi extremamente relevante para planejarmos a intervenção realizada no dia 04 de julho, pois, podemos observar o uso do espaço, que a maioria sabe que tem o Museu no CCON, que a divulgação seria um mecanismo para que pudessem frequentar o Museu de Arte Contemporânea, com 32% das respostas e em segundo o horário com 26% dos resultados, das 45 pessoas entrevistas.

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Imagem 2 – Reunião de planejamento do I Encontro da REM-Goiás “MAC│Goiás, Público e Esplanada”.
Foto: Aluane de Sá
Imagem 3 – Confecção dos cartazes para o I Encontro da REM-Goiás “MAC│Goiás, Público e Esplanada”.
Foto: Simone Rosa

A professora do curso de graduação em Museologia da UFG, Camila A. de Moraes Wichers, coordenadora do Projeto de Extensão e Cultura da REM-Goiás, cadastrada na Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da UFG (PROEC), além de ter contribuído no planejamento, realizou o registro imagético da intervenção na Esplanada JK, e, posteriormente, na visita ao Museu, bem como, nos auxiliou na direção do diálogo na roda de conversa.

Guilherme Gomes Pimenta Bueno de Souza, membro da Rede e acadêmico de Museologia da UFG, efetuou o registro imagético da ação na Esplanada JK, bem como o apoio durante a visita ao Museu, solicitou aos visitantes para assinarem a lista de presença e que preenchessem o instrumento de percepção (APÊNDICE C) do I Encontro da REM-Goiás (Gestão 2015/2016) “MAC│Goiás, Público e Esplanada”.

A colaboração de Marcílio Lemos, atual Diretor do MAC│Goiás, ao aprovar e apoiar a realização do I Encontro, viabilizou o transporte que solicitado por nós (APÊNDICE A) para deslocamento de membros interessados a participar desta ação – ida e volta ao CCON – saída da Catedral Metropolitana de Goiânia – Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora e esteve presente conosco na realização da ação no Museu.

Maria Angelina de Sá C. Donda também realizou o registro imagético da atividade no museu, como participou ativamente da ação na Esplanada JK, carregando o último cartaz de patins.

Contamos ainda com a colaboração de Paulo Fernando, administrador do Instituto Serviço Assistido de Pesquisa (SAP), na reelaboração do Instrumento de Pesquisa e de Percepção do I Encontro (Gestão 2015/2016).  

A Luciana Santana Vieira, servidora da Gerência de Museus da SEDUCE, nos auxiliou e ensinou a realizar a Tabulação de Dados (programa Excel), acompanhando conosco, em todas as dúvidas.

Ao realizarmos a intervenção, nos reunimos na Esplanada JK (recepção do CCON – entrada estacionamento), com os quatro cartazes, numa sequência pré-determinada, em fileira com um espaço de aproximadamente dez segundos de distância uma da outra, com os dizeres: OIEEÊ! (Aluane); VAMOS AO MUSEU? (Julianna Carvalho); AGORA! (Karlla Kamylla) e VEM COM A REM (Maria Angelina). O trajeto realizado foi: ao sair da recepção sentido ao Museu, passando em frente ao Monumento aos Direitos Humanos (pirâmide vermelha), seguindo em direção ao acesso principal do CCON (GO – 020), passando pela lateral do Palácio da Música (espelho d’água), percorrendo o centro da Esplanada JK, em direção a entrada do Museu, para esta trajetória foi previsto um tempo de aproximadamente 20 minutos (Imagem 4 e 5).

Imagem 4 – Ação na Esplanada JK, I Encontro da REM-Goiás “MAC│Goiás, Público e Esplanada”.
Foto: Camila A. de Moraes Wichers
Imagem 5 – Ação na Esplanada JK, I Encontro da REM-Goiás “MAC│Goiás, Público e Esplanada”.
Foto: Guilherme Gomes P. Bueno de Souza

Ao chegar de frente à rampa de acesso ao MAC│Goiás, a intenção era aguardar, reunir um grupo de aproximadamente 20 a 30 pessoas, realizar uma rápida apresentação (20 minutos aproximadamente) sobre a REM-Goiás, o I Encontro (Aluane e Camila); sobre o Museu (Kamylla e Julianna), da exposição “Um só corpo: Arte Contemporânea nos Países do MERCOSUL” (Aluane e Kamylla) e, na sequência, conduzir o grupo ao Museu. Diferentemente do que havíamos planejado, as pessoas interagiram conosco durante o percurso e nós não paramos para trocar informações, e essa atitude foi um ponto negativo, consideramos ao realizar a avaliação – pós-intervenção. Também não conseguimos agrupar um número de pessoas (aproximadamente 30 pessoas), foi sugerido e decidimos então novamente dar mais uma volta e convidar as pessoas, conversando – sendo que nossa volta havia sido silenciosa, apenas com os cartazes. Ao fazermos isso, o segurança havia liberado o acesso a rampa ao Museu, quando percebo, várias pessoas se dirigiam à porta principal do MAC│Goiás. Comuniquei ao restante da equipe que iria atender os que estavam subindo. Já no salão principal do Museu, conversei com as pessoas que lá estavam, comuniquei do I Encontro da REM-Goiás (Gestão 2015/2016), e deixei-os livre para visitar a mostra.

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Quando o restante da equipe subiu com mais um grupo de pessoas, nos apresentamos, falamos da REM-Goiás, e os deixamos livres para visitar a exposição (Imagens 6 e 7).

Imagem 6 – visitantes na exposição “Um Só Corpo: Arte Contemporânea de nos Países do MERCOSUL”, durante o I Encontro da REM-Goiás “MAC│Goiás, Público e Esplanada”.
Foto: Maria Angelina de Sá C. Donda
Imagem 7 – visitantes na exposição “Um Só Corpo: Arte Contemporânea de nos Países do MERCOSUL”, durante o I Encontro da REM-Goiás “MAC│Goiás, Público e Esplanada”.
Foto: Maria Angelina de Sá C. Donda.

Nos colocamos em pontos estratégicos, que havíamos definido na construção da metodologia, por questão de segurança – tanto do público, quanto das obras, pois haviam algumas frágeis, e como havíamos previsto que algumas pessoas poderiam adentrar ao espaço, com equipamento de uso (patins, skate, patinetes, etc.). Antes mesmo de dar o tempo que pensamos para esta observação livre, a professora Camila ponderou que alguns visitantes poderiam se retirar antes mesmo de realizarmos a roda de conversa.

Portanto, comuniquei ao restante das pessoas que reuniríamos naquele instante, deixando novamente as pessoas livres após nosso diálogo, e assim fizemos. Reunimo-nos e sentamos no chão (Imagens 8 e 9), como programado, falei rapidamente o que era a REM-Goiás e a proposta do tema AMA, do I Encontro (Gestão 2015/2016), a professora Camila falou, além do Projeto de Extensão e Cultura, também do curso de Museologia e outras instituições museológicas na cidade de Goiânia. Julianna e Kamylla abordaram sucintamente sobre a Pesquisa (APÊNDICE B) que havíamos realizado no dia 13 de junho passado, e colocamos algumas perguntas a respeito da exposição, como previsto: “Vocês se emocionaram em algum momento?”; “Qual a mensagem que a exposição passou para vocês?”; “O que foi mais importante tiveram algum aprendizado?”; “O que vocês esperavam encontrar?”. Depois desse diálogo, finalizaríamos, agradecendo a todos os presentes, ao MAC│Goiás pela parceria, ao Marcílio Lemos, professora Camila, Guilherme e Maria Angelina pelo apoio. Antes mesmo de fazermos a salva de palmas, conforme a metodologia deste I Encontro, as pessoas a fizeram.

  A Pesquisa de Público foi realizada por Aluane, Julianna, Karla Kamylla e Paulo Henrique Neves Santana abordando as pessoas na Esplanada JK. Guilherme Gomes Pimenta Bueno de Souza, no acesso do estacionamento, Lucas de Souza Nonato, no acesso principal (GO – 020), ambos realizando o registro quantitativo de chegada das pessoas, de forma visual e Maria Angelina de Sá C. Donda no registro imagético. Foram aplicados 45 instrumentos de pesquisa em uma hora aproximadamente.

Imagem 8 – roda de conversa do I Encontro da REM-Goiás “MAC│Goiás, Público e Esplanada”.
Foto: Maria Angelina de Sá C. Donda
Imagem 9 – roda de conversa do I Encontro da REM-Goiás “MAC│Goiás, Público e Esplanada”.
Foto: Maria Angelina de Sá C. Donda

A roda de conversa foi bastante enriquecedora, pessoas de faixas etárias diversas interagiram, nos parabenizaram várias vezes, consideraram que deveriam ocorrer mais ações como aquela, abrir o Museu nos finais de semana em horário diferenciado, tendo em vista as muitas pessoas que frequentam a Esplanada JK. Um visitante sugeriu que houvesse um aplicativo para celulares com todos os museus de Goiânia, que outras instituições museológicas também deveriam abrir nos finais de semana. Comentaram sobre a impressão das obras, como a obra “O Beijo. Da série Edison”, do argentino Sebastian Elsinger, da pintura sem título do goiano G. Fogaça, a obra “Puxadinho”, de outro artista brasileiro, Lucas Bambozzi, da artista argentina Silvia Gai “Corpos Precários”, entre outras. Conforme as pessoas iam manifestando suas percepções das obras, eu comentava rapidamente a intenção do artista. Ao final, agradecemos a todos por terem ficado conosco e participarem da ação.

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Após o encerramento deste bate papo, realizamos uma avaliação entre a equipe e ficamos satisfeitas com o resultado, foi além de gratificante, foi profícuo, mesmo percebendo que a metodologia desenvolvida não ocorreu como previsto, a professora Camila considerou que andamos rápido durante a ação na Esplanada JK, nós achávamos que estávamos devagar. Ao parar na rampa e não aglutinar a quantidade de pessoas almejadas, e ao sair para convidarmos, a rampa, ao ficar aberta, possibilitou que as pessoas subissem sem estarmos à disposição para conduzi-las. Ponderamos que se tivéssemos dividido a equipe, para uma reunir um grupo e a outra estivesse livre para atender os demais visitantes e depois sugerisse a roda de conversa, poderíamos ter ampliado o número de pessoas no atendimento, pois não paravam de chegar pessoas ao Museu conferindo a exposição, enquanto conversávamos.

Conforme as pessoas iam saindo do espaço, o Guilherme ofereceu o instrumento de percepção, sendo assim, algumas pessoas que não participaram e nem tinham informações daquele Encontro, preencheram o instrumento de percepção. Mostrarei apenas parte do resultado (Imagens de 10 a 19), pois creio que aqui, neste momento, o que interessa saber é o perfil do público e a avaliação do I Encontro da REM Goiás (Gestão 2015/2016) “MAC│Goiás, Público e Esplanada”.

Imagem 10 – Pergunta 1 do instrumento de percepção do I Encontro da REM-Goiás
Tabulação: Aluane de Sá
Imagem 11 – Pergunta 1 do instrumento de percepção do I Encontro da REM-Goiás
Tabulação: Aluane de Sá
Imagem 12 – Pergunta 1 do instrumento de percepção do I Encontro da REM-Goiás
Tabulação: Aluane de Sá
Imagem 13 – Pergunta 1 do instrumento de percepção do I Encontro da REM-Goiás
Tabulação: Aluane de Sá
Imagem 14 – Pergunta 1 do instrumento de percepção do I Encontro da REM-Goiás
Tabulação: Aluane de Sá
Imagem 15 – Pergunta 1 do instrumento de percepção do I Encontro da REM-Goiás
Tabulação: Aluane de Sá
Imagem 16 – Pergunta 1 do instrumento de percepção do I Encontro da REM-Goiás
Tabulação: Aluane de Sá
Imagem 17 – Pergunta 1 do instrumento de percepção do I Encontro da REM-Goiás
Tabulação: Aluane de Sá
Imagem 18 – Pergunta 1 do instrumento de percepção do I Encontro da REM-Goiás
Tabulação: Aluane de Sá
Imagem 19 – Pergunta 1 do instrumento de percepção do I Encontro da REM-Goiás
Tabulação: Aluane de Sá

3. CONCLUSÃO

Ao concluir, primeiramente agradeço todo o apoio e confiança tanto para a realização dos estudos e da pesquisa, quanto da ação interventiva. Aproveito para realizar algumas observações sobre o MAC│Goiás, considerando que ao longo dos anos esta instituição vem tentando realizar uma série de medidas para qualificar, principalmente no que tange o acervo e atendimento ao público. E, enquanto unidade pública e gratuita de cultura, sofre também com a falta de recursos, sejam financeiros e/ou humanos.

As primeiras observações são sobre o Estatuto de Museus, Lei nº 11.904, e, em seguida, o meu ponto de vista, sobre a entrevista com a Tânia Mendonça, com a finalidade de que possa ser minimamente proveitoso ao Museu e adaptar na atualização do Plano Museológico. Observou-se que o Museu não conseguiu implantar o Núcleo de Arte-Educação, a participação comunitária é representada pelo Conselho Consultivo do MAC│Goiás, mas, neste caso, não participa do desenvolvimento das ações educativas, como previsto no Artigo 29 da Subseção II do Estatuto de Museus; e sim, das escolhas das mostras que estarão expostas no Museu, entre outras demandas.

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O Museu também não desenvolve estudo de público e avaliações periódicas conforme o Inciso 2 do Artigo 28, da mesma Subseção. No que se refere às estatísticas de visitantes, do Artigo 36 da Subseção III, o museu mantém livros de registros, mas que, até então, não tem transformado em dados estatísticos, se não apenas, o quantitativo de público por exposição, pois o livro fornece outras informações sobre o público, como, por exemplo, profissão, instituição, cidade, etc. Em relação ao Artigo 37 da mesma Subseção, do livro de sugestões e reclamações, o Museu disponibilizou um livro de comentários nas mostras já mencionadas anteriormente, que acredito atender a este artigo, mas poderá ser melhor elaborado e disponibilizado.

Ao consultar o Plano Museológico 2013-2014, do Museu de Arte Contemporânea de Goiás, verificamos que não está atualizado e que também não previa atender as diretrizes do Estatuto de Museus, criado em 2009, em vigor no ano de 2014. O Projeto Museológico, assim mencionado várias vezes, está dividido em três documentos que o completa: 1 – O Diagnóstico – este específico da Reserva Técnica, 2 – O Plano Diretor, ao tratar do Núcleo de Arte-Educação e Comunicação, apenas refere-se à comunicação, não abrangendo a compreensão da Arte-Educação. 3 – O Plano de Metas, neste é possível conferir que o Núcleo de Arte-Educação especifica diretrizes, mas não tem suas atribuições detalhadas, como o restante dos outros Núcleos.

Creio pertinente registrar que é possível observar as várias maneiras que a instituição utiliza da sigla de abreviaturas de seu nome, em pesquisas anteriores a este projeto, a sigla de abreviatura era MAC-Goiás, e no Plano Museológico, consultado agora, encontra-se MAC, MAC│Goiás, este último também observado no material gráfico da última exposição “Um Só Corpo: Arte Contemporânea nos Países do MERCOSUL”. Seria importante que os responsáveis adotassem apenas uma sigla. Para além de criar uma unidade, é significativo para a memória institucional e, sobretudo, a memória popular, visto que também o Museu já não carrega o mesmo nome desde sua criação, já que, na Lei, consta Museu de Arte Moderna e Contemporânea do Estado de Goiás, e seria importante adotar sempre Goiás, ou mesmo GO, pois, assim, o distingue das outras instituições nacionais com o mesmo perfil, tipologia e nome.

Da intervenção realizada, acredito ter sido extremamente profícua, pois, além de oportunizar a abertura do Museu num horário diferente do qual costuma disponibilizar, o atual Diretor pode perceber, independente dos resultados alcançados pela REM-Goiás, que ainda não foram entregues ao Museu, que o público frequentador da Esplanada JK, tem interesse, e o tempo todo, desde o acesso da rampa que foi liberado, as pessoas não pararam de adentrar ao Museu. Vale a pena ser revisto e também priorizado, mesmo que periodicamente, um horário especial destinado a este público. São pequenos os esforços para ofertar ações educativas para cativá-lo e incentivá-lo a valorizar o Patrimônio Cultural ali exposto.

O tema da REM-Goiás (Gestão 2015/2016), Arte, Museus e Acessibilidade – AMA foi relevante para refletir e dialogar com os visitantes a possibilidade de observar as obras de artes expostas, e se sensibilizaram e se emocionaram diante delas, como dito na roda de conversa, compreenderam o Museu para além de um espaço de salvaguarda e comunicação do patrimônio cultural, seja material ou imaterial, mas, sobretudo, o Museu esteve aberto para  que o público da Esplanada JK tivesse acesso e conferisse a exposição no seu penúltimo dia.

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Desejo ainda que este trabalho contribua para o Museu de Arte Contemporânea de Goiás enquanto fonte inspiradora para ampliar suas ações, principalmente ao público frequentador da Esplanada JK, para visitarem outras vezes o Museu. Nesta gestão, a REM-Goiás realizou seu I Encontro, ampliou e registrou outras formas de mostrar o resultado ao utilizar um instrumento de percepção e avaliação. Para a realização de um Encontro, várias ações e produtos foram alcançados. Além de ter sido de grande experiência pessoal e profissional, compartilhar pontos de vistas nas reuniões para definir ações e estratégias. É extremamente enriquecedor aprender como realizar uma pesquisa e tabular dados, percebendo a necessidade de utilizá-los. E como é importante a avaliação sistemática de nossas ações, desde que se esteja aberta a grandes novidades, e, neste caso, além dos museus, a própria REM-Goiás, tem sido um espaço de grandes novidades e realizações.

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