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Aprender, Reconhecer e Preservar: Arquitetura Goiana Art Déco

Neste trabalho, a leitura da paisagem urbana goianiense, onde estão presentes as edificações inventariadas, foi feita pelos aspectos físicos e sociais. As políticas intervencionistas urbanas inseridas na preservação do patrimônio arquitetônico e urbanístico e, também, a revitalização dos espaços centrais das cidades patrimoniais foram o nosso objeto de estudo. Observou-se, através desta pesquisa, que os usuários reconhecem as edificações Art Déco por sua importância histórica para a cidade, mas faltam ações do poder público que incentivem sua preservação. O estudo foca o espaço urbano e o Centro da cidade de Goiânia e as intervenções urbanas realizadas e propostas para esta cidade, que, mesmo jovem, já sofre o processo de degradação, perdendo espaço sociocultural e econômico para outras regiões da cidade e tendo boa parte de seu patrimônio arquitetônico-urbanístico e histórico já destruído. Utilizou-se como fonte estudos bibliográficos, projetos teórico-urbanísticos, reportagens e fotografias, como constatações locais. Com os dados observados foi possível verificar que o Centro de Goiânia está atravessando um rápido processo de degradação. Portanto, fez-se necessário discutir estes vínculos que estruturam a relação do lugar como espaço de memória e como condição de valoração da obra enquanto paisagem cultural, visto que a manutenção da paisagem urbana é essencial para preservação do caráter histórico que apresenta.

Palavras-Chave: Art Déco. Arquitetura Goiana. Patrimônio. Preservação.

Aluna: Maria de Fátima dos Santos Marques

Polo: Goianésia

Orientadora Acadêmica: Rosemeire Bernardino dos Reis

Coordenadora de orientação: Ivanilda Aparecida Andrade Junqueira

Anexos

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INTRODUÇÃO

Nas décadas de 1930 e 1940 nada marcou mais o cenário das cidades brasileiras que a tendência da arquitetura déco, que então se firmou como uma expressão de modernidade acessível às diferentes classes sociais. Para os goianos esse processo não foi diferente. A mudança da capital foi o suficiente para o arquiteto Atillio Corrêa Lima acreditar que o estilo Déco satisfazia a demanda de uma nova sede para a elite econômica, que estava em busca de símbolos de afirmação social e que não via com bons olhos o Ecletismo, quanto as recentes experiências em uma Arquitetura Moderna.

Várias cidades brasileiras possuem um conjunto patrimonial edificado rico em história, todavia, incompreendido pela população. Essa desvalorização é resultado da ausência de uma cultura que reconheça os passos dados no decorrer de seu desenvolvimento e aprenda com eles a sua própria história. O fato de Goiânia ter sido construída em plena modernidade, certamente coloca condicionantes para a formação de uma consciência histórica sensível à compreensão da dinâmica das transformações sofridas na paisagem cultural em seu território, desde o traçado original até os dias atuais.

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A evolução do ser humano pode ser identificada na forma com que ele se relaciona com o espaço físico. Conceitos e valores culturais vivenciados são especializados no território, podendo ser tomados como uma representação de sua ideologia. Essa questão faz parte do espaço físico alterado pelo homem, rico em conteúdo, para que se compreendam as diversas etapas evolutivas. A importância desse conhecimento reflete na valorização do espaço que se vive, fruto do trabalho árduo de muitos cidadãos, representantes da história de um povo. A cidade precisa evoluir com qualidade, respeitando e tendo como exemplo erros e acertos passados, formando um futuro que reconheça sua história, seu território, seu patrimônio. A compreensão da cidade permite uma apropriação diferenciada do espaço, possibilitando influenciá-lo, qualificando o espaço urbano e sua relação com os cidadãos.

Muitas cidades tiveram o seu desenvolvimento no auge do estilo Art Déco no Brasil. Um conjunto de edificações representativas deste estilo arquitetônico ainda está presente no meio urbano. Porém, em muitas cidades essas edificações estão se perdendo, por falta de compreensão da sua importância. A arquitetura Art Déco, assim como os vários outros movimentos, deve ser valorizada e incorporada à compreensão histórica da cidade. Por sua vez, diz Mello:

Goiânia foi criada dentro do espírito desenvolvimentista, e esse espírito tem olhos constantemente voltados para o futuro. O olhar sobre o passado não faz parte de seu roteiro. Eis aí, a essência da contradição que faz com que as obras geradas com grandes doses de sacrifícios sejam destruídas e repostas, sem que haja tempo suficiente para que lhes sejam constatados os valores artísticos ou históricos. O fluxo desenvolvimentista é, nesse sentido, autofágico (MELLO, 1996, p. 211).

Ao investigarmos sobre a história de Goiânia e seu patrimônio Art déco, retomamos o período que abrange desde o processo de interiorização do Brasil até a construção dos primeiros edifícios da nova capital do estado. Neste trabalho, buscou-se ampliar as discussões contemporâneas acerca da arquitetura Art Déco, pois, assim como outros estilos, ele muitas vezes não é valorizado pela população por falta de compreensão. Por não entenderem o valor histórico e arquitetônico dessas edificações, muitas pessoas não as consideram como patrimônio, levando à não conservação e à demolição de muitas delas.

O objetivo do estudo foi identificar aspectos que possibilitem apreender, reconhecer e preservar a história de Goiânia e, de modo simples, o processo de modernização da capital do Estado de Goiás, com o percurso da sua fundação, sua urbanização e as lembranças e memórias que remetam ao estilo Art Déco nesse ambiente específico. O fato de Goiânia ter sido construída na modernidade coloca condicionantes para a formação de uma consciência histórica sensível à compreensão da dinâmica das transformações sofridas na paisagem cultural em seu território desde o traçado original até os dias atuais.

Na arquitetura, o Art Déco concilia aspectos inovadores e vínculos com o passado. Seu aspecto moderno situa-se na frequente simplificação geometrizante de seus elementos decorativos e na diversificação e atualização de suas fontes de referência ornamental. A construção pode estruturar-se através de uma composição volumétrica integrando formas geométricas, como prismas retangulares, elementos cilíndricos, volumes arredondados ou planos verticais ou horizontais.

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Pouco conhecida e valorizada, a arquitetura que incorpora tendências Art Déco tem visibilidade desproporcional à sua presença, ainda muito forte, no cenário urbano brasileiro. Não é difícil perceber que quem vem a Goiânia sequer percorre o centro da cidade, e tem um conhecimento daqui apenas pelas suas avenidas arborizadas e bairros nobres que dão acesso aos shoppings, restaurantes e bares, visto que o grande crescimento territorial e populacional vem transformando as metrópoles ao longo do século XX, causando, em muitos casos, a degradação de seus espaços urbanos centrais.

Para abordar o processo de interiorização do Brasil com foco no Estado de Goiás e na mudança da capital, foi necessário compreender os planos urbanísticos, as dificuldades para implantação da nova capital e as modificações de estilo introduzidas, no tocante às características do Art déco. Nos utilizamos da leitura de livros, pesquisas e da elaboração de resenhas para uma melhor compreensão das visões dos autores, com seus posicionamentos quanto à presença, reconhecimento e necessidade de preservação do patrimônio Art Déco goianiense. Desta forma, visamos analisar estas edificações para compreender a sua importância no contexto da paisagem urbana.

ART DÉCO

O estilo Art Déco envolve conceitos de vanguarda com uma estética mais próxima do que era tradicional para a população da época, reinterpretando elementos decorativos já existentes, em uma adaptação para a produção industrial. Sua importância não é somente como um estilo arquitetônico, pois levou modernidade para as sociedades que estavam em busca do progresso ao mesmo tempo que proporcionou beleza às sociedades que sofriam em um período de crise.

A revolução industrial trouxe grandes alterações em todas as produções artísticas. O que antes era artesanal precisava ser industrializado para manter sua competitividade. Para incentivar e apresentar as novas possibilidades, o período da segunda metade do século XIX foi marcado por diversas realizações de feiras que apresentavam a relação entre arte e indústria.

O Art Déco foi o primeiro estilo a verdadeiramente aliar a indústria com a arte, apresentando originalidade em suas produções. Até esse momento a maior parte dos estilos se baseava nos estilos antigos e não conseguiam mecanizar suas produções. O Art Nouveau, que foi o antecessor do Art Déco, tinha como base motivos florais e usava linhas tortuosas como ornamentos, possuindo originalidade nas formas apresentadas (LEMME, 1996).

A edificação Art Déco tinha como característica utilizar os materiais mais contemporâneos na execução da obra, com isso era possível eliminar paredes internas através do uso do concreto armado. Essa inovação tecnológica refletiu em mudanças na disposição dos ambientes, que agora podiam ser integrados. Na Art Déco, "a arquitetura, o mobiliário, a decoração, os bibelôs e os objetos guardam novas relações entre si". Com a retirada de algumas paredes, o próprio mobiliário serve para delimitar os ambientes ganhando novas potencialidades (BRESLER, 1997).

O termo Art Déco só surgiu em 1966, por ocasião de uma exposição sobre os anos 1925, realizada pelo Museu de Artes Decorativas de Paris. Até então, era empregado o termo Art Décoratif, que remetia à Escola de Artes Decorativas, fundada em 1877, e à União Central das Artes Decorativas, existente desde 1882 na França. Segundo Alanis, ao falarmos do Art Déco, evocamos.

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Tempos de busca arrebatada de beleza, de superação de preconceitos sociais, de sofisticação no comportamento público, de grande confiança na técnica e de certeza de que o futuro e seu componente de bem-estar haviam chegado para gozo e desfrute do mundo ocidental. [...] Referir-se ao déco implica pensar em imagens de integração plástica em que o mobiliário, tapeçarias, tapetes, louças, luminárias, taças e o próprio vestuário respondem a um só objetivo de composição, e em que a identidade expressa em uma fachada ou em um frasco de perfume é não só facilmente reconhecível como mantém ainda hoje seu frescor e mensagem de progresso. (ALANIS, 1997, p. 29).

O Art Déco pretendia ser mais do que um movimento artístico moderno, a intenção era ser um movimento que envolvesse aspectos sociais, econômicos e também culturais. Afetou as artes decorativas, a arquitetura, design de interiores e desenho industrial, assim como as artes visuais, a pintura, artes gráficas, cenografia, publicidade, cinema e a moda. Foi, de certa forma, uma mistura de diversos estilos e manifestações tais como: Construtivismo, Cubismo, Bauhaus, Art Nouveau, Modernismo e Futurismo.

Embora muitos movimentos tivessem criado raízes na arquitetura, o Art Déco foi meramente decorativo, visto como elegante, funcional e ultramoderno, está ligado ao American Wayoflife. Os edifícios, esculturas, joias, luminárias e móveis são geometrizados. Diferentemente do Art Nouveau, o Art Déco tem mais simplicidade no estilo. Trata-se de um movimento muito heterogêneo, requintado, exótico e eclético. Foi influenciado também pelas culturas antigas como a Grécia, Egito, África, além das sul-americanas.

ART DÉCO EM GOIÂNIA

Goiânia foi construída baseando-se em parâmetros, estudos urbanísticos, desenhos e estilos arquitetônicos que se integravam e que explicitam a maneira de se projetar de uma época. A influência do urbanismo francês era bem forte e isso se expressa no traçado urbano da cidade, como também nas edificações em estilo Art Déco, com vários exemplos que ainda são encontrados nos edifícios da região central da cidade.

Planejada para ser a capital do estado, Goiânia logo reteve uma estruturação influen­ciada, à época, pelas mais recentes teorias de planejamento urbano. Quando desenhou a cidade, Attilio Corrêa Lima havia voltado há pouco tempo de Paris, onde estudou urbanismo. Advém daí os conceitos usados em grande parte dos edifícios que compõem hoje o centro da capital. A importância desse estilo que predominou na arquitetura da nova cidade está no fato de o Art Déco ter sido transitório, isto é, um estilo que fez a passagem do Art Nouveau para o modernismo. Mas, a arquitetura Art Déco e a Escola da Bauhaus partem do mesmo princípio: "a estrutura funcional e as técnicas construtivas" (FRAMPTON, 2008) e, inclusive, a composição tripartite clássica - embasamento, corpo principal e coroamento. Às vezes não são percebidos com a mesma intensidade de outras tendências da arquitetura, mas estão bem presentes, em forma mais discreta.

É importante ressaltar que, em termos históricos, o "modernismo" também estava presente na arquitetura no espaço-tempo. Neste momento histórico, o modernismo procurava a expressão do movimento ideológico, social e político com formas expressivas "muito diversas". Mas, considero que o Art Déco procurava mais o lado formal da arquitetura, com uma precisão geométrica que era inegável na sua estrutura, que poderia resumir-se em sobriedade e simetria; como uma limpeza decorativa ou ornamental.O Art Déco, símbolo de modernismo no passado, passa a ser sinônimo de tradição no presente. O estilo ainda pode ser considerado a simplificação arquitetônica que levou ao Modernismo, já que trabalha com formas mais simples e racionais.

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Com a temática aqui proposta, buscou-se esclarecer ou fornecer uma melhor compreensão sobre a importância do processo de revitalização urbana da cidade de Goiânia. Ao mesmo tempo, procurou-se incentivar essa prática, que deveria fazer parte das metas de governo de muitas cidades brasileiras, como forma de melhorar a utilização ou reutilização do patrimônio existente, resgatando o dinamismo sociocultural, econômico e físico-espacial dessas áreas, que apresentam um grande potencial para o desenvolvimento da cidade, inclusive de lazer, cultura e turismo.

Em Goiânia, o estilo Art Déco é apenas uma das camadas. Outras vieram e são de fundamental importância também, como nosso valioso acervo modernista, que está se perdendo dia após dia, impulsionado pela retomada do processo de verticalização de bairros centrais que já estavam "congelados" há anos. O valor do terreno em ascensão fez com que a maior parte desses bens fosse demolida para ceder lugar aos novos edifícios multifamiliares.

Sete décadas depois da fundação de Goiânia, coincidentemente após a titulação da Cidade de Goiás como Patrimônio da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o plano urbanístico, mais especificamente o estilo Art Déco, passa a caracterizar o que se denomina de invenção das tradições; discurso empregado pelos que atualmente estão preocupados em gerir o patrimônio cultural goianiense. O estilo Art Déco estava na moda, havia uma capital no meio do nada sendo edificada e, essa mistura de coisas acontecendo, resultou na tentativa de construção de uma cidade moderna.  O estilo surgiu em 1910, porém esse movimento tomou força em 1925, quando chegou ao seu auge e foi até 1939. A arquitetura, as artes visuais, as artes gráficas, o cinema, o design industrial e a moda foram as áreas onde esse movimento foi mais influente.

O movimento tem características de manifestações anteriores, como o construtivismo, o cubismo e o futurismo. A maior influência da Art Déco foi a Art Nouveau. No Brasil, o artista que se destacou neste movimento foi o escultor Victor Brecheret. Na Art Déco, as peças eram elaboradas artesanalmente e não eram feitas com o intuito de ser útil para algo, apenas decoração. Desenvolveu-se no período de entre guerras mundiais e, por isso, foi influenciado por mudanças profundas na tecnologia. Nesse estilo predominam as linhas retas ou circulares estilizadas, o design abstrato; logo, é possível afirmar que o estilo "clean e puro" Art Déco dirige-se ao moderno e às vanguardas do começo do século XX, beneficiando-se de suas contribuições.

As periferias de Goiânia se abraçam aos bairros que formam a atual Região Metropolitana. Entretanto, pesquisas realizadas junto às chamadas "comunidades de memória" da capital apontam o centro antigo da cidade como um espaço-âncora "desfragmentador" urbano, na medida em que este se configura como tal nos "trabalhos de memória", dando sentido para a "cidade antropológica" e rentabilidade para a "cidade tecnológica" no espaço-tempo presente.

Grande parte da população de mais idade e até mesmo os mais jovens ali viveram as suas vidas e guardam suas memórias, tendo como cenário as ruas, casas, cinemas, teatros, praças e edifícios do Centro da cidade. Em seu livro sobre a Memória Coletiva, o autor Maurice Halbwachs trata da questão da Memória Coletiva e do Espaço, dizendo que:

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As Imagens Espaciais desempenham um papel na memória coletiva. O lugar ocupado por um grupo não é como um quadro negro sobre qual escrevemos, depois apagamos os números e figuras. Como a imagem do quadro evocaria aquilo que nele traçamos, já que o quadro é indiferente aos signos, e como, sobre um mesmo quadro, poderemos reproduzir todas as figuras que se quiser? Todavia, o lugar recebeu o marco do grupo, e vice-versa (HALBWACHS, 1990, p.133).

Para Goiânia, a preservação do seu patrimônio, com o tombamento de 22 itens entre edifícios em estilo Art Déco e o traçado urbano dos núcleos pioneiros, foi de grande importância para a memória e a história cultural da cidade, além de resguardar aspectos significativos da arquitetura e do urbanismo da capital. Apenas ressalto que não houve a inclusão de diversos outros edifícios e casarios, também significativos, de diversos outros estilos arquitetônicos, como o neocolonial, normando, eclético, moderno, que ficaram fora desse processo de tombamento.

Preservar o patrimônio cultural de um povo pressupõe a representatividade de sua totalidade, ou seja, conservar as características de uma sociedade, mantendo a sua identidade cultural. Se não há preservação, podem ocorrer grandes perdas identitárias. A força, a criatividade, o orgulho e a consciência de uma sociedade mantêm viva sua cultura, sua identidade, aquilo que a faz ser exatamente o que ela é.

Preservar não é só guardar uma coisa, um objeto, uma construção, um miolo histórico de uma grande cidade. Preservar também é gravar depoimentos, sons, músicas populares e eruditas. Preservar é manter vivos, mesmo que alterados, usos e costumes populares. E fazer, também, levantamentos de qualquer natureza, de sítios variados, de cidades, de bairros, de quaisquer significativos dentro do contexto urbano (LEMOS, 2007, p. 29).

Muitas edificações já foram demolidas, ou severamente modificadas, e restaram apenas alguns poucos exemplares que isoladamente não representam a estrutura original daquela época. No Centro da cidade, notadamente na Rua 20, na Rua 19, na Rua 24 e em outras, apresentam-se edifícios de várias tipologias, principalmente do neocolonial, do normando, do ecletismo, do Art Déco.  Estes estão sendo modificados ou demolidos sem qualquer preocupação por parte de autoridades, técnicos e mesmo da população, no sentido de se preservar tais edificações para que daqui a algumas centenas de anos tenhamos ainda um conjunto arquitetônico e urbanístico que remonte aos anos da construção da cidade. Se não houver um trabalho que valorize a memória da cidade, através da preservação desse patrimônio, todo o conjunto urbano-arquitetônico e, consequentemente, cultural, que compõe a memória coletiva da população de Goiânia, terá desaparecido.

Segundo o censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2000, Goiânia possuía uma população total de 1.090.737 habitantes, sendo que no ano de 2006 estimava-se uma população de cerca de 1.200.000 habitantes. A cidade foi projetada nos anos 1930 para se chegar a uma população futura de 50.000 habitantes, quando estivesse próxima dos seus 50 anos. Hoje, com 83 anos de existência, possui uma população vinte vezes maior que a expectativa da época. Por esse rápido crescimento, o Centro da cidade passou por inúmeras transformações, inclusive deixando de ser o principal local de compras, serviços, administração pública, entretenimento e lazer, perdendo espaço para os novos centros ou subgêneros, surgidos em outros locais, e também para os shoppings, que despontaram em vários espaços da cidade.

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Com isso, o Centro começou a se degradar. Esse é um dos principais fatores para essa degradação e deterioração, mas outro fator também elencado foi a falta de investimento na região central da capital, tanto dos setores públicos como privados, que passaram a se interessar por outras regiões que ofereciam maior conforto e melhor e mais moderno arranjo arquitetônico e urbanístico. O centro da cidade de Goiânia está envelhecendo, mas ainda é habitado, inclusive por uma grande população jovem. O comércio, mesmo que popular, é forte, assim como o setor bancário.

O que precisa ser feito é a preservação de seu patrimônio arquitetônico, diga-se, de passagem, bastante valioso, com muitos exemplares em Art Déco, assim como em outros estilos já citados, como o eclético, o neocolonial, o normando e o moderno, tanto em prédios públicos e institucionais como em edifícios comerciais e residenciais que, infelizmente, têm sido os mais afetados quanto à questão preservacionista. O patrimônio urbanístico existente necessita ser otimizado e há que se construir, também, novos espaços públicos interessantes para a cidade.

PATRIMÔNIOS CULTURAIS

Reconhecemos que patrimônio é tudo que tem valor para a história, que pode representar uma civilização durante um determinado período, nos permitindo conhecer a cultura através dos valores presentes nesses símbolos. Os bens patrimoniais, quando mantidos, tornam-se testemunhos de uma história, permitindo a formação de uma identidade e a continuidade cultural de uma determinada sociedade. Nesse contexto, o patrimônio cultural serve de sustentação material e/ou esteio de memória para a criação de laços de identidade, bem como de fixação dessas identidades nos sujeitos sociais.

Todo esse processo mobiliza as experiências cotidianas das pessoas e as memórias que envolvem seu passado. Com o passar dos tempos foi se entendendo a importância de manter presente elementos físicos que fossem representantes da sociedade em seus diferentes períodos. No caso de Goiânia, a compreensão do valor do patrimônio cultural se deu por meio de discussões sobre o tema, inicialmente como uma tentativa de preservar os elementos físicos construídos dos atos de vandalismo. Ultimamente, alguns bens patrimoniais, como o coreto, o relógio da Avenida Goiás e o Grande Hotel vinham sendo ameaçados por ações de depredação. Isso fez com que a Praça Cívica passasse por uma revitalização.

O conceito de patrimônio nacional foi desenvolvido a partir do século XVIII, quando os países europeus começaram a entender que certos monumentos tinham capacidade de representar a nação. Para conservar os monumentos foram desenvolvidas medidas de proteção ao patrimônio; uma responsabilidade delegada ao Estado. A preservação desses bens levou à compreensão de que eles eram mais do que símbolos da nação, eram a sua identidade (FONSECA, 1997).

No Brasil, a preocupação com o patrimônio cultural começou a ser assimilada após a divulgação da Carta de Atenas em 1931, que tinha como proposta, entre outras questões, o envolvimento dos governos na preservação dos bens patrimoniais. Somente a partir de 1937 é que a preservação do patrimônio histórico e artístico brasileiro foi organizada. Com anteprojeto de Mário de Andrade, em 13 de janeiro de 1937 foi oficializado o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), que hoje é denominado Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), sendo o primeiro órgão federal de preservação dos bens culturais na América Latina.

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Em 30 de novembro do mesmo ano foi promulgado o Decreto-Lei nº 25, que buscava a preservação de obras artísticas ou históricas que eram muito antigas, de propriedade do governo brasileiro ou da Igreja (LEMOS, 2007). A divulgação dos novos conceitos de patrimônio tratados nas cartas patrimoniais a nível mundial repercutiu no Brasil através da abrangência dos elementos preservados. A partir da década de 70, o IPHAN ampliou a lista de preservação já que até o momento os bens reconhecidos eram somente do período colonial.

A motivação para preservação estar até este momento direcionada à arquitetura colonial é por acreditarem que esta seria a melhor representação de uma arquitetura verdadeiramente brasileira, servindo de inspiração para que a arquitetura permanecesse autêntica (MOTTA, 1992).

A ampliação do conceito no Brasil foi confirmada legalmente na Constituição Federal de 1988, no art. 216 (BRASIL, 1988):

Constitui patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I- as formas de expressão;

II - os modos de criar, fazer e viver;

III - expressão; II - os modos de criar, fazer e viver;

III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;

IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais;

V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico.

O artigo 30 da mesma constituição diz que os municípios têm competência para "promover a proteção do patrimônio histórico cultural local, observada a legislação e ação fiscalizadora federal e estadual". Somente em 2000 a possibilidade de preservação foi ampliada, com a aprovação do Decreto-Lei nº 3.551, que inclui os bens culturais de natureza imaterial como patrimônio, com ações de registro e proteção adequadas a sua particularidade.

O IPHAN continua sendo uma instituição de grande importância para a cultura brasileira, atuando em todos os níveis de reconhecimento e preservação do patrimônio nacional. A evolução do conceito precisa, necessariamente, ser atualizada junto aos cidadãos, pois sem a conscientização da população as leis não garantem a preservação e manutenção destas obras patrimoniais. Mesmo as leis tendo validade inquestionável, a ação do homem no ambiente urbano pode levar à descaracterização ou até à demolição de edificações históricas, sendo fundamental haver a conscientização da população.

PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO CULTURAL

O reconhecimento da importância dos elementos patrimoniais leva o homem a um sentimento de apropriação. Assim, o patrimônio deixa de ser considerado uma responsabilidade de outros e passa a ser de todos nós cidadãos. Ao entender a relação da história do seu território com a sua história pessoal, o cidadão verifica o patrimônio existente na cidade como uma parte significante na sua identificação com o espaço e como uma possibilidade de manutenção da sua memória nesse contato diário.

A preservação pode ser entendida como o conjunto de medidas de gestão tendentes a neutralizar potenciais fatores de degradação de documentos. Para Ferreira (1986), o termo conservação pode ser entendido como conjunto de medidas de caráter operacional - intervenções técnicas e científicas, periódicas ou permanentes - que visam conter as deteriorações dos documentos no início.

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O objetivo do ato da preservação é resguardar a identidade cultural. Sem manter presente na vida da cidade testemunhos de sua história, o passado fica esquecido. Esses atos de cuidado podem acontecer por intervenções físicas e também sociais. A postura diante da preservação no Brasil tem sido emergencial, buscando resgatar o que parcialmente já foi perdido. Essa situação é resultado de uma cultura de descaso com o patrimônio que vem acompanhando muitas gerações. Segundo Manso:

De um modo geral, só se atua no momento que conservar não é mais a solução, e sim a necessária intervenção de recuperação da obra. Para haver uma alteração no quadro atual da preservação no Brasil, necessita-se de uma reeducação dos conceitos preservacionistas aplicados na realidade urbana para toda sociedade (MANSO, 2004).

A preservação visa à proteção de um bem que tenha ligação direta com a memória da cidade, que contribui para sua manutenção. Os atos de conservação possuem níveis de intervenção física que vão desde manutenção até restauração, dependendo do nível de degradação que a edificação se encontra. Para que as interversões físicas sejam reduzidas adequadamente, são necessárias ações sociais de valorização, de reconhecimento da importância destes pela população. Estudos mostram que quando as matérias de construção interagem com o meio ambiente sofrem transformações.

Sendo assim, sempre que essas transformações ocorrem são irreversíveis e implicam na perda de qualidade ou valor, constituindo um processo de degradação. A região central da nossa cidade vem passando por uma deterioração, ou mesmo uma marginalização, devido a vários fatores como o socioeconômico, o cultural, o físico-ambiental e outros, que contribuíram para que esses locais fossem sendo abandonados ou trocados por outros com melhor arranjo estético-arquitetônico e urbanístico. A revitalização urbana busca uma nova vida para essas áreas degradadas, sob todos os pontos de vista, procurando dar a esses locais uma melhor utilização ou reutilização, aproveitando potenciais instalados para atingir uma melhor resposta socioeconômica e cultural.

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Propor e realizar ações educativas não formais destinadas a valorizar e reconhecer a relevância das edificações do estilo Art Déco de Goiânia, no contexto da paisagem urbana, e promover a valorização e preservação desses bens patrimoniais dentro dos ideais de desenvolvimento sustentável da cidade no qual estão inseridos.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

METODOLOGIA

O patrimônio arquitetônico é formado pelas edificações, sejam elas isoladas ou em conjunto, no meio urbano ou rural. Um edifício pode ser considerado importante devido a diferentes aspectos, como idade, estética, técnicas utilizadas na construção ou por fazer parte da história do lugar e também do grupo de pessoas que o habita. A paisagem urbana é transformada constantemente por diversos agentes físicos e sociais, fazendo com que tudo que a compõe seja tratado como potencial para a compreensão desta realidade.

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Sendo assim, este estudo caracteriza-se por uma abordagem qualitativa, onde os dados são analisados pelos seus significados, motivações, expectativas e, portanto, não podem ser quantificados (SILVA; MENEZES, 2001). As intervenções previstas neste projeto tiveram como enfoque uma reflexão específica sobre o levantamento dos edifícios estilo Art Déco, que representam a cultura da nossa cidade. Trabalhamos com uma fonte de dados complexa, destacando a relevância de edificações presentes no meio urbano através de leituras dos aspectos físicos da paisagem da cidade e da sua percepção pelos cidadãos.

Os métodos e técnicas utilizados para alcançar os objetivos foram, primeiramente, a busca de informação prévia sobre o histórico local, como também os aspectos relacionados à sua ocupação e que influenciaram para a construção da identidade cultural local. Para desenvolver o tema, utilizamos uma abordagem qualitativa, pois tal caminho possibilita compreender melhor os dados encontrados,  proporcionando uma melhor compreensão da realidade estudada.

No primeiro momento, realizamos uma pesquisa bibliográfica em revistas, internet e outras fontes documentais, além de buscar informações nas repartições públicas que tem informações sobre o estilo Art Déco na arquitetura da nossa cidade. Posteriormente, utilizamos instrumentos para coleta de dados a partir de informações trazidas pelos próprios alunos, com objetivo de verificar o grau de conhecimento do grupo e o entendimento prévio de cada aluno sobre o tema.

Trabalhamos com os alunos do 9º ano da Escola Espírita Tenda do Caminho. Com os recursos audiovisuais disponibilizados pela instituição de ensino (computador e projetor), trabalhamos o conteúdo praticamente em quatro aulas expositivas e dialogadas, por meio do encaminhamento de pesquisas, levantamento das informações encontradas, produções textuais, entrevistas com pais de alunos e com funcionários da escola.

Em seguida, buscamos informações sobre os bens culturais do município, com base nos dados colhidos nas Secretarias de Cultura, Educação e Turismo, instituições de apoio social, comércio (tanto formal quanto informal), podendo obter subsídios para avaliar como a capital valoriza, incentiva e tenta preservar seus bens culturais.

A pesquisa bibliográfica e, ao mesmo tempo, qualitativa, possibilitou a compreensão dos conceitos básicos pré-estabelecidos neste projeto de intervenção, tais como patrimônio cultural, inventário, paisagem urbana, Art Déco e percepção ambiental. O conhecimento adquirido nas leituras dos livros e artigos científicos possibilitou uma compreensão da arquitetura Art Déco e da paisagem urbana, que determinaram os rumos tomados por esta intervenção, com argumentos muito mais concisos e que asseguram a seriedade dos dados obtidos.

Foi feito um registro audiovisual dos aspectos de tradição oral e da transmissão dos saberes nas práticas cotidianas dos sujeitos culturais, sendo possível rever detalhes que porventura passassem despercebidos em meio ao grande número de elementos a serem observados. Como proposta final, pretende-se, posteriormente, elaborar uma cartografia cultural, com referências culturais simbólicas já consagradas pela população, como meio de divulgar e socializar essas informações, considerando as diversidades culturais locais e as múltiplas identidades construídas no processo histórico.

As imagens foram de fundamental importância para a construção do álbum que montávamos durante nossa pesquisa, pois estávamos diante de diversas etapas da análise dos dados coletados. Todas as imagens foram coletadas através de uma pesquisa imagética, na qual conseguimos acesso às fotografias antigas que mostram as edificações Art Déco do estudo, ainda com suas características originais da época em que foram construídas e com a situação da paisagem neste período.

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RESULTADO ESPERADOS

Através deste estudo buscamos levar os alunos do 9º ano da Escola Espírita Tenda do Caminho a adentrar no mundo do saber construído fora e dentro do espaço escolar, abrangendo a chamada educação informal, a fim de proporcionar orientações para se reconhecer o estilo arquitetônico da nossa cidade. As reflexões construídas neste trabalho possibilitaram visualizar mais detidamente o quanto a educação em espaços não formais e/ou informais pode contribuir na construção do conhecimento do indivíduo.

As pesquisas possibilitaram aos alunos compreender os conceitos básicos do estilo arquitetônico de sua cidade. Apresentamos o mapa da capital e solicitamos que cada um marcasse sua residência e os edifícios com estilo Art Déco que eles conheciam, proporcionando um ambiente participativo e descontraído. Em outro momento, apresentamos a proposta do trabalho, articulando teoria e prática, usando da estratégia de incentivo às pesquisas para construir o conhecimento. Partimos do fragmento casa/bairro que é algo próximo ao estudante, o conhecimento do patrimônio pessoal, do seu cotidiano, para, então, explicarmos a história do patrimônio da cidade de Goiânia. Desta forma, foi possível explorar o uso das habilidades de cada um, respeitando a cultura individual.

Depois, projetamos as imagens da cidade para ver os detalhes arquitetônicos dos edifícios como: Teatro Goiânia, Palácio das Esmeraldas, Coreto etc. Nesse momento falamos da fundação de Goiânia e ressaltamos que na época o Art Déco estava na moda no restante do País. Havia uma capital sendo construída no meio do nada; essa mistura de coisas acontecendo resultou na tentativa de construção de uma cidade moderna.

Finalizamos com uma aula-passeio pela cidade de Goiânia, observando os edifícios históricos no estilo Art Déco, mais uma vez colocando em prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula. Agora, cada prédio recebia um olhar e um significado diferente. Buscamos aqui explanar a importância de aprender, conhecer/reconhecer e preservar o estilo arquitetônico da nossa cidade, procurando definir de maneira clara e objetiva a arquitetura goianiense.

Aprender, reconhecer e preservar é fundamental para todo indivíduo que quer se desenvolver, participar do processo político, econômico e social do seu país. Não basta apenas saber ler e escrever, é necessário que ele saiba fazer as leituras de mundo exigidas pela sociedade atual. Acreditamos que mudar, transformar, descobrir e reelaborar não são tarefas fáceis. Ensinar e aprender são descobertas que socializam saberes, não deixando perder marcas importantes do passado, mantendo viva a história da cidade para que todos compreendam e valorizem essas representações físicas e sociais que fazem parte de sua própria história.

CONCLUSÃO

Goiânia apresenta em suas várias modernidades os espaços de memória histórica, cultural e patrimonial, considerando principalmente que a preservação do local somente pode ocorrer em função da construção da relação do homem com o lugar. Este projeto de intervenção executado contemplou uma sequência de estratégias usadas para a compreensão, por parte do estudante, do que é o Art Déco, o significado do patrimônio cultural e da valorização da nossa paisagem urbana, compreendendo a importância de sua preservação em nossa capital.

A pesquisa documental esteve presente na compreensão dos conceitos citados, pela leitura de leis e cartas patrimoniais. Com a realização da pesquisa imagética (por meio de imagens), várias imagens antigas foram reunidas, possibilitando o acesso às fotografias do acervo, das edificações Art Déco na capital goiana, ainda com as características originais da época em que foram construídas e com a situação da paisagem neste período.

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O estudo de caso foi importante para a ampliação dos conceitos e métodos, e a forma de abordá-los possibilitou um melhor entendimento das edificações e da paisagem urbana goiana no decorrer da pesquisa. Utilizamos estudos anteriores do projeto vila cultural, do qual participamos, para compreender a relevância das edificações Art Déco no cenário urbano.

A montagem do álbum, confeccionado pelos alunos, possibilitou a caracterização do Art Déco da nossa cidade e sua identificação, reconhecendo e vivenciando as imagens das construções do Setor Central de Goiânia e as transformações nelas ocorridas, influenciando a paisagem urbana. Durante os estudos identificamos que as edificações Art Déco são reconhecidas por sua importância histórica e pelo estilo arquitetônico, porém, de maneira muito sutil. Os usuários da região não possuem conhecimentos específicos da relevância destas edificações na história da cidade e da preservação destas construções.

Antes que sejam descaracterizadas, as edificações Art Déco presentes na paisagem urbana precisam ser observadas pelo poder público; devem ser estudadas por sua relevância histórica e arquitetônica, resultando em informações de grande significado para sua preservação. A paisagem urbana deve ser conservada no sentido de não deixar que percam marcas do passado, mantendo viva a história da cidade, valorizando e compreendendo essas representações físicas e sociais de sua própria história. Acreditamos que mudar, transformar, descobrir, reelaborar não são tarefas fáceis; ensinar e aprender são descobertas que socializam saberes, dando continuidade à história do município por meio de suas edificações, tão representativas. Desta forma, se possibilita a compreensão da cidade pelos cidadãos, em seu contato diário com estes testemunhos do passado.

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